Modelo de testes de aptidão física para concursos está ultrapassado e provoca mortes pelo Brasil

A morte de Arthur Matheus Martins Rosa, candidato do concurso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, durante TAF (Teste de Aptidão Física) realizado na última quinta-feira (3) em Campo Grande (MS) não é um caso isolado e, todos os anos, há várias mortes pelo Brasil em decorrência desse modelo ultrapassado de aferir as condições físicas dos interessados em uma carreira nas forças de segurança brasileira.

Em janeiro deste ano, por exemplo, em Belo Horizonte (MG), em apenas 48 horas, dois candidatos de um concurso da Polícia Penal de Minas Gerais morreram depois de passarem mal durante um TAF. Uma morte ocorreu no dia 10 de janeiro e a outra no dia 12 de janeiro, sendo que os testes foram realizados no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), em Lagoa Santa, na Grande BH.

De acordo com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, ambos os participantes apresentaram um quadro de mal súbito após a finalização do exame físico de corrida de resistência. Eles receberam os primeiros atendimentos pela equipe médica que acompanhava as provas, ainda no local e, em seguida, foram levados para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

Os dois candidatos deram entrada na unidade com vida, mas o quadro de saúde se agravou e um deles chegou a ser transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas não resistiu. O Governo de Minas disse que, juntamente com o Instituto Nacional de Seleções e Concursos (Selecon), responsável pela realização do certame, acompanhou os candidatos e esteve em contato com as equipes médicas durante todo o tempo de internação, prestando o suporte aos familiares.

Já em fevereiro deste ano, o jovem Alone Petrus Leite, de 30 anos, morreu após passar mal durante o TAF do concurso da Polícia Militar do Amapá. Ele era candidato a uma vaga de soldado na corporação e teria passado mal durante uma das etapas do teste, sendo socorrido em um hospital da capital Macapá. O irmão de Alone Leite, Adilson André Leite anunciou a morte do jovem em suas redes sociais. “É com o coração partido que comunico aos amigos o falecimento do meu irmão caçula”, escreveu.

Em nota, a Polícia Militar do Amapá lamentou a morte do candidato e informou que, quando ele passou mal na prova de corrida, foi acompanhado por equipe médica. “É com imenso pesar que a Polícia Militar do Amapá (PM/AP) lamenta a morte do candidato Alone Petrus Leite de Souza, nesta quinta-feira, 9, após passar mal durante a Avaliação de Capacidade Física (ACF)”, disse nota oficial da PM do Amapá.

A PM informou ainda que o candidato desmaiou durante a prova de corrida, na manhã do dia 8 de fevereiro, no primeiro dia da bateria dos testes. Ele teve suporte imediato de médicos e enfermeiros da PM e, já consciente, foi levado de ambulância para atendimento em um hospital privado da capital, conforme recomendação da família que foi prontamente acionada. Contudo, recebemos a informação que o aluno veio a falecer, durante atendimento na UTI do hospital.

A PM reforçou que todo o teste físico é acompanhado por equipe médica e ambulância para qualquer socorro de urgência, inclusive com a presença de militares capacitados para o salvamento aquático, nos casos das provas de natação. Além disso, conforme exigido pelo edital do certame, o candidato apresentou atestado médico comprovando condições para participar do teste físico, que avalia a capacidade de executar as atividades próprias da função militar.

Mais mortes em 2022

No ano passado, mais precisamente em junho de 2022, um dentista de 30 anos de idade morreu após passar mal durante um TAF da Polícia Militar do Ceará, em Fortaleza. Darlene Sonaria Ferreira sofreu um infarto durante uma das provas e não resistiu, conforme familiares, ela queria ser oficial da PM.

A Secretaria da Segurança Pública do Ceará informou que a candidata Darlene Sonaria Ferreira passou mal durante a prova de Avaliação de Capacidade Física do concurso público para ingresso no cargo de 2º Tenente do Quadro de Oficiais Complementares da Polícia Militar do Ceará (PMCE).

Ela foi prontamente atendida pela equipe médica que assiste a prova no local, sendo levada, logo em seguida, para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde chegou consciente, mas acabou vindo a óbito.

A Secretaria lamentou o falecimento da dentista e ressaltou que a etapa de Avaliação de Capacidade Física é de responsabilidade da organizadora do certame, neste caso, a Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista – VUNESP, e que todos os candidatos apresentam atestado médico que comprova as condições de saúde do participante para a realização da Avaliação de Capacidade Física, bem como, assinam “Termo de Responsabilidade”.

Também em junho do ano passado o CML (Comando Militar do Leste) abriu um processo administrativo para apurar o que levou à morte de Ingrid Balbino de Sousa Coelho Vieira após o TAF para o cargo de Oficial Temporário do Exército, no Colégio Militar, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Foi o segundo caso parecido em poucos dias no Rio, pois, uma semana antes, um candidato ao cargo de inspetor na Polícia Civil também morreu em um teste físico.

O teste de Ingrid estava agendado para às 8h e foi alterado para ser realizado às 14h30. Durante a execução de uma das fases do processo, Ingrid começou a se sentir mal. De acordo com a assessoria de imprensa do CML, “a candidata recebeu os primeiros socorros no local e foi conduzida à Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”. Durante a noite, o quadro de saúde de Ingrid se agravou e ela faleceu.

“A Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Leste (CML) informa que na tarde de quarta-feira, 22 de junho, a participante do processo seletivo para Oficial Temporário do Exército (OTT), Ingrid Balbino de Sousa Coelho Vieira, passou mal durante a execução de uma das fases do processo. A candidata recebeu os primeiros socorros no local e foi conduzida à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Durante a noite, o quadro de saúde da candidata se agravou e ela veio a óbito. Foi aberto um processo administrativo para apurar as circunstâncias do ocorrido. Cabe ressaltar que o CML está prestando todo o apoio necessário a família”, trouxe a nota.

Em novembro de 2022, Efraim Menezes Marinho Lima, de 27 anos, candidato à vaga de soldado no concurso do Corpo de Bombeiros do Militar do Amazonas (CBMAM), morreu após passar mal durante um TAF. Ele estava internado no Hospital Delphina Aziz, em Manaus, e, segundo a família da vítima, ele era natural de Santarém, no Pará, e foi para Manaus só para fazer o teste de aptidão física.

Após o corpo ser velado, ele foi transferido para ser enterrado em Santarém. Familiares contaram ainda que ele teria desenvolvido um quadro de rabdomiólise, que afetou os rins e fígado, e causou a morte. Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), lamentou a morte do candidato a soldado do Concurso Público do órgão. Os bombeiros informaram ainda que após passar mal, o candidato recebeu os primeiros socorros, prestados pela equipe da Fundação Getúlio Vargas (FGV), organizadora do certame, mas o candidato veio a óbito.

“O Corpo de Bombeiros solicitou apoio a Secretaria Estadual de Assistência Social (SEAS), para o translado do corpo de Manaus para a cidade de Santarém no Pará (PA), nesta quinta-feira (10), onde Efraim Menezes nasceu”, disse a corporação.

Outras mortes em 2021

Em 2021, as mortes durante os TAFs continuaram e, em outubro, um dos candidatos ao cargo de praça da Polícia Militar do Pará faleceu durante a realização do teste. De acordo com informações da Secretaria de Estado de Planejamento e Administração do Pará, o candidato Aelton Guimarães Braga Silva, de 20 anos, passou mal após concluir uma das etapas do TAF e foi socorrido e encaminhado, ainda consciente, para o Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti.

Ainda segundo a Secretaria, o TAF era de responsabilidade da Iades, banca organizadora do concurso PM. Também em 2021 três pessoas morreram após passar mal durante o TAF realizado antes do ingresso na Polícia Civil do Rio de Janeiro em outubro. Uma das vítimas, Fábio Henrique Silva, chegou a ser socorrida para um hospital, mas não resistiu. Ele foi o terceiro caso naquele ano no Rio, com dois registros anteriores em março, de um cadete do Corpo de Bombeiros e de um soldado do Exército também por morte após exercícios.

A prova foi realizada no período da manhã, na Vila Militar, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio. Os participantes, já aprovados nas etapas anteriores do concurso, tentavam ingressar na corporação no cargo de investigador. Um vídeo que circulou pelas redes sociais mostrou o momento em que o candidato, já nos momentos finais do teste de corrida, cai ao chão no meio da pista. Ele ainda tenta se levantar algumas vezes, mas volta a tombar. Ao fundo, ouve-se gritos de incentivo de pessoas não identificadas, que chegam a repetir: “Levanta! Levanta!”

A gravação foi feita pelo professor de Educação Física Washington Xavier, de 42 anos. Especializado em preparar candidatos para esse tipo de prova física, ele acompanhava alguns de seus alunos que faziam o teste. “Eu não conheço a pessoa que passou mal. Só vi que chegou o socorro rápido, e ele deixou o local numa cadeira de rodas, aparentando estar consciente. Depois, não soubemos mais”, contou.

Em 10 de março, o soldado Pedro Henrique Pereira dos Santos, de 18 anos, formado na Polícia do Exército, morreu após ter passado mal depois de uma bateria de exercícios. Em nota divulgada na época, o Exército afirmou que o rapaz foi “prontamente atendido pelo médico do quartel” e “em seguida, ele foi levado para o Hospital Central do Exército e, devido a complicações, veio a óbito”. Segundo a família, ele tinha desidratação e seu estado era grave.

No dia 14 do mesmo mês, um cadete do Corpo de Bombeiros Gabriel Lourenço da Silva Cordeiro, de 24 anos, passou mal durante uma caminhada no Parque Estadual da Pedra Branca, na Zona Oeste do Rio. Ele chegou a ser internado e entubado, mas não resistiu. em nota, na época, a corporação afirmou que “o jovem evoluiu para um quadro grave de insuficiência hepática”.

Em dezembro de 2021, um candidato morreu após passar mal durante o TAF do concurso da Polícia Civil do Rio Grande do Norte. O candidato foi identificado como Luan Oliveira Rodrigues, de 29 anos, natural de Sergipe. Ele passou mal durante a corrida. Segundo a Polícia Civil, Luan recebeu atendimento médico no local e foi levado para a UPA de Cidade da Esperança. Ele morreu na unidade hospitalar durante a madrugada.

Ainda segundo informações da Polícia Civil, o candidato apresentou todos os exames médicos que indicavam que ele estava apto para fazer o teste físico. O concurso é organizado pela Fundação Getúlio Vargas. Em nota conjunta, a Fundação Getúlio Vargas e a Polícia Civil do RN lamentaram a morte de Luan.

“O candidato foi imediatamente socorrido pela equipe médica que assiste às provas. Nem o aparato existente, integrado por UTI móvel, socorrista, médico e enfermeira, mantido pelos organizadores do processo seletivo, e o pronto atendimento puderam impedir a ocorrência dessa fatalidade. A FGV e a PCRN lamentam imensamente e informam que toda a assistência está sendo prestada aos familiares”, disse a nota.

Em outubro, em TAF para ingresso na Polícia Militar de Minas Gerais, que morreu foi Marcus Vinicius Teixeira Dias, de 20 anos. Ele realizou a prova de corrida em Juiz de Fora, onde deveria cumprir 2.400 metros em 12 minutos. Na segunda volta na pista de atletismo, ele passou mal, teve uma parada cardíaca e morreu no local.

Ainda em 2021, um cabo da PM do Maranhão, de 35 anos, morreu durante um treinamento em novembro, direcionado a concurso público. Já em fevereiro, quem morreu foi Arthur Neiva Vieira de Sousa, de 23 anos. Natural do Tocantins, ele passou mal durante a realização do teste de aptidão física do concurso de agente penal de Roraima. foi atendido, medicado, mas faleceu dois dias depois.

Questão jurídica

Além da questão de saúde, há também os problemas jurídicos provocados pelos TAFs aplicados pelas forças de segurança espalhadas pelo Brasil. Os testes de aptidão física aplicados em concursos públicos carecem de uma legislação para amparar os candidatos e as bancas examinadoras. Como praticamente não existem leis estaduais sobre o assunto e na União não há legislação federal que o discipline, o judiciário acaba sendo inundado com ações de candidatos que pleiteiam seus direitos.

O candidato a um TAF, antes de mais nada, deve ler atentamente o edital do concurso e o edital de convocação para o teste, pois assim poderá tentar impugnar o edital. Há vários erros expressos ou implícitos nesses editais, tais como: ausência de previsão legal para aplicação do TAF; relativa igualdade entre homens e mulheres; igualdade de condições entre candidatos com idades diferenciadas; candidatos que realizam o TAF entre as 12 horas e 15 horas; teste de natação com cronômetro digital e acionamento manual; corrida com cronômetro digital e acionamento manual.

Muitos candidatos não recorrem à Justiça, pois acham que as bancas não irão refazer o teste por esse ser dispendioso e por muitos tribunais julgarem que a remarcação do teste fere o princípio da isonomia. O que não dá para aceitar são testes de aptidão física cheios de erros grosseiros. Se a banca qModelo de testes de aptidão física está ultrapassado e provoca mortes pelo Brasil

A morte de Arthur Matheus Martins Rosa, candidato do concurso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, durante TAF (Teste de Aptidão Física) realizado na última quinta-feira (3) em Campo Grande (MS) não é um caso isolado e, todos os anos, há várias mortes pelo Brasil em decorrência desse modelo ultrapassado de aferir as condições físicas dos interessados em uma carreira nas forças de segurança brasileira.

Em janeiro deste ano, por exemplo, em Belo Horizonte (MG), em apenas 48 horas, dois candidatos de um concurso da Polícia Penal de Minas Gerais morreram depois de passarem mal durante um TAF. Uma morte ocorreu no dia 10 de janeiro e a outra no dia 12 de janeiro, sendo que os testes foram realizados no Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), em Lagoa Santa, na Grande BH.

De acordo com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais, ambos os participantes apresentaram um quadro de mal súbito após a finalização do exame físico de corrida de resistência. Eles receberam os primeiros atendimentos pela equipe médica que acompanhava as provas, ainda no local e, em seguida, foram levados para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

Os dois candidatos deram entrada na unidade com vida, mas o quadro de saúde se agravou e um deles chegou a ser transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas não resistiu. O Governo de Minas disse que, juntamente com o Instituto Nacional de Seleções e Concursos (Selecon), responsável pela realização do certame, acompanhou os candidatos e esteve em contato com as equipes médicas durante todo o tempo de internação, prestando o suporte aos familiares.

Já em fevereiro deste ano, o jovem Alone Petrus Leite, de 30 anos, morreu após passar mal durante o TAF do concurso da Polícia Militar do Amapá. Ele era candidato a uma vaga de soldado na corporação e teria passado mal durante uma das etapas do teste, sendo socorrido em um hospital da capital Macapá. O irmão de Alone Leite, Adilson André Leite anunciou a morte do jovem em suas redes sociais. “É com o coração partido que comunico aos amigos o falecimento do meu irmão caçula”, escreveu.

Em nota, a Polícia Militar do Amapá lamentou a morte do candidato e informou que, quando ele passou mal na prova de corrida, foi acompanhado por equipe médica. “É com imenso pesar que a Polícia Militar do Amapá (PM/AP) lamenta a morte do candidato Alone Petrus Leite de Souza, nesta quinta-feira, 9, após passar mal durante a Avaliação de Capacidade Física (ACF)”, disse nota oficial da PM do Amapá.

A PM informou ainda que o candidato desmaiou durante a prova de corrida, na manhã do dia 8 de fevereiro, no primeiro dia da bateria dos testes. Ele teve suporte imediato de médicos e enfermeiros da PM e, já consciente, foi levado de ambulância para atendimento em um hospital privado da capital, conforme recomendação da família que foi prontamente acionada. Contudo, recebemos a informação que o aluno veio a falecer, durante atendimento na UTI do hospital.

A PM reforçou que todo o teste físico é acompanhado por equipe médica e ambulância para qualquer socorro de urgência, inclusive com a presença de militares capacitados para o salvamento aquático, nos casos das provas de natação. Além disso, conforme exigido pelo edital do certame, o candidato apresentou atestado médico comprovando condições para participar do teste físico, que avalia a capacidade de executar as atividades próprias da função militar.

Mais mortes em 2022

No ano passado, mais precisamente em junho de 2022, um dentista de 30 anos de idade morreu após passar mal durante um TAF da Polícia Militar do Ceará, em Fortaleza. Darlene Sonaria Ferreira sofreu um infarto durante uma das provas e não resistiu, conforme familiares, ela queria ser oficial da PM.

A Secretaria da Segurança Pública do Ceará informou que a candidata Darlene Sonaria Ferreira passou mal durante a prova de Avaliação de Capacidade Física do concurso público para ingresso no cargo de 2º Tenente do Quadro de Oficiais Complementares da Polícia Militar do Ceará (PMCE).

Ela foi prontamente atendida pela equipe médica que assiste a prova no local, sendo levada, logo em seguida, para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde chegou consciente, mas acabou vindo a óbito.

A Secretaria lamentou o falecimento da dentista e ressaltou que a etapa de Avaliação de Capacidade Física é de responsabilidade da organizadora do certame, neste caso, a Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista – VUNESP, e que todos os candidatos apresentam atestado médico que comprova as condições de saúde do participante para a realização da Avaliação de Capacidade Física, bem como, assinam “Termo de Responsabilidade”.

Também em junho do ano passado o CML (Comando Militar do Leste) abriu um processo administrativo para apurar o que levou à morte de Ingrid Balbino de Sousa Coelho Vieira após o TAF para o cargo de Oficial Temporário do Exército, no Colégio Militar, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Foi o segundo caso parecido em poucos dias no Rio, pois, uma semana antes, um candidato ao cargo de inspetor na Polícia Civil também morreu em um teste físico.

O teste de Ingrid estava agendado para às 8h e foi alterado para ser realizado às 14h30. Durante a execução de uma das fases do processo, Ingrid começou a se sentir mal. De acordo com a assessoria de imprensa do CML, “a candidata recebeu os primeiros socorros no local e foi conduzida à Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”. Durante a noite, o quadro de saúde de Ingrid se agravou e ela faleceu.

“A Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Leste (CML) informa que na tarde de quarta-feira, 22 de junho, a participante do processo seletivo para Oficial Temporário do Exército (OTT), Ingrid Balbino de Sousa Coelho Vieira, passou mal durante a execução de uma das fases do processo. A candidata recebeu os primeiros socorros no local e foi conduzida à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Durante a noite, o quadro de saúde da candidata se agravou e ela veio a óbito. Foi aberto um processo administrativo para apurar as circunstâncias do ocorrido. Cabe ressaltar que o CML está prestando todo o apoio necessário a família”, trouxe a nota.

Em novembro de 2022, Efraim Menezes Marinho Lima, de 27 anos, candidato à vaga de soldado no concurso do Corpo de Bombeiros do Militar do Amazonas (CBMAM), morreu após passar mal durante um TAF. Ele estava internado no Hospital Delphina Aziz, em Manaus, e, segundo a família da vítima, ele era natural de Santarém, no Pará, e foi para Manaus só para fazer o teste de aptidão física.

Após o corpo ser velado, ele foi transferido para ser enterrado em Santarém. Familiares contaram ainda que ele teria desenvolvido um quadro de rabdomiólise, que afetou os rins e fígado, e causou a morte. Por meio de nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), lamentou a morte do candidato a soldado do Concurso Público do órgão. Os bombeiros informaram ainda que após passar mal, o candidato recebeu os primeiros socorros, prestados pela equipe da Fundação Getúlio Vargas (FGV), organizadora do certame, mas o candidato veio a óbito.

“O Corpo de Bombeiros solicitou apoio a Secretaria Estadual de Assistência Social (SEAS), para o translado do corpo de Manaus para a cidade de Santarém no Pará (PA), nesta quinta-feira (10), onde Efraim Menezes nasceu”, disse a corporação.

Outras mortes em 2021

Em 2021, as mortes durante os TAFs continuaram e, em outubro, um dos candidatos ao cargo de praça da Polícia Militar do Pará faleceu durante a realização do teste. De acordo com informações da Secretaria de Estado de Planejamento e Administração do Pará, o candidato Aelton Guimarães Braga Silva, de 20 anos, passou mal após concluir uma das etapas do TAF e foi socorrido e encaminhado, ainda consciente, para o Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti.

Ainda segundo a Secretaria, o TAF era de responsabilidade da Iades, banca organizadora do concurso PM. Também em 2021 três pessoas morreram após passar mal durante o TAF realizado antes do ingresso na Polícia Civil do Rio de Janeiro em outubro. Uma das vítimas, Fábio Henrique Silva, chegou a ser socorrida para um hospital, mas não resistiu. Ele foi o terceiro caso naquele ano no Rio, com dois registros anteriores em março, de um cadete do Corpo de Bombeiros e de um soldado do Exército também por morte após exercícios.

A prova foi realizada no período da manhã, na Vila Militar, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio. Os participantes, já aprovados nas etapas anteriores do concurso, tentavam ingressar na corporação no cargo de investigador. Um vídeo que circulou pelas redes sociais mostrou o momento em que o candidato, já nos momentos finais do teste de corrida, cai ao chão no meio da pista. Ele ainda tenta se levantar algumas vezes, mas volta a tombar. Ao fundo, ouve-se gritos de incentivo de pessoas não identificadas, que chegam a repetir: “Levanta! Levanta!”

A gravação foi feita pelo professor de Educação Física Washington Xavier, de 42 anos. Especializado em preparar candidatos para esse tipo de prova física, ele acompanhava alguns de seus alunos que faziam o teste. “Eu não conheço a pessoa que passou mal. Só vi que chegou o socorro rápido, e ele deixou o local numa cadeira de rodas, aparentando estar consciente. Depois, não soubemos mais”, contou.

Em 10 de março, o soldado Pedro Henrique Pereira dos Santos, de 18 anos, formado na Polícia do Exército, morreu após ter passado mal depois de uma bateria de exercícios. Em nota divulgada na época, o Exército afirmou que o rapaz foi “prontamente atendido pelo médico do quartel” e “em seguida, ele foi levado para o Hospital Central do Exército e, devido a complicações, veio a óbito”. Segundo a família, ele tinha desidratação e seu estado era grave.

No dia 14 do mesmo mês, um cadete do Corpo de Bombeiros Gabriel Lourenço da Silva Cordeiro, de 24 anos, passou mal durante uma caminhada no Parque Estadual da Pedra Branca, na Zona Oeste do Rio. Ele chegou a ser internado e entubado, mas não resistiu. em nota, na época, a corporação afirmou que “o jovem evoluiu para um quadro grave de insuficiência hepática”.

Em dezembro de 2021, um candidato morreu após passar mal durante o TAF do concurso da Polícia Civil do Rio Grande do Norte. O candidato foi identificado como Luan Oliveira Rodrigues, de 29 anos, natural de Sergipe. Ele passou mal durante a corrida. Segundo a Polícia Civil, Luan recebeu atendimento médico no local e foi levado para a UPA de Cidade da Esperança. Ele morreu na unidade hospitalar durante a madrugada.

Ainda segundo informações da Polícia Civil, o candidato apresentou todos os exames médicos que indicavam que ele estava apto para fazer o teste físico. O concurso é organizado pela Fundação Getúlio Vargas. Em nota conjunta, a Fundação Getúlio Vargas e a Polícia Civil do RN lamentaram a morte de Luan.

“O candidato foi imediatamente socorrido pela equipe médica que assiste às provas. Nem o aparato existente, integrado por UTI móvel, socorrista, médico e enfermeira, mantido pelos organizadores do processo seletivo, e o pronto atendimento puderam impedir a ocorrência dessa fatalidade. A FGV e a PCRN lamentam imensamente e informam que toda a assistência está sendo prestada aos familiares”, disse a nota.

Em outubro, em TAF para ingresso na Polícia Militar de Minas Gerais, que morreu foi Marcus Vinicius Teixeira Dias, de 20 anos. Ele realizou a prova de corrida em Juiz de Fora, onde deveria cumprir 2.400 metros em 12 minutos. Na segunda volta na pista de atletismo, ele passou mal, teve uma parada cardíaca e morreu no local.

Ainda em 2021, um cabo da PM do Maranhão, de 35 anos, morreu durante um treinamento em novembro, direcionado a concurso público. Já em fevereiro, quem morreu foi Arthur Neiva Vieira de Sousa, de 23 anos. Natural do Tocantins, ele passou mal durante a realização do teste de aptidão física do concurso de agente penal de Roraima. foi atendido, medicado, mas faleceu dois dias depois.

Questão jurídica

Além da questão de saúde, há também os problemas jurídicos provocados pelos TAFs aplicados pelas forças de segurança espalhadas pelo Brasil. Os testes de aptidão física aplicados em concursos públicos carecem de uma legislação para amparar os candidatos e as bancas examinadoras. Como praticamente não existem leis estaduais sobre o assunto e na União não há legislação federal que o discipline, o judiciário acaba sendo inundado com ações de candidatos que pleiteiam seus direitos.

O candidato a um TAF, antes de mais nada, deve ler atentamente o edital do concurso e o edital de convocação para o teste, pois assim poderá tentar impugnar o edital. Há vários erros expressos ou implícitos nesses editais, tais como: ausência de previsão legal para aplicação do TAF; relativa igualdade entre homens e mulheres; igualdade de condições entre candidatos com idades diferenciadas; candidatos que realizam o TAF entre as 12 horas e 15 horas; teste de natação com cronômetro digital e acionamento manual; corrida com cronômetro digital e acionamento manual.

Muitos candidatos não recorrem à Justiça, pois acham que as bancas não irão refazer o teste por esse ser dispendioso e por muitos tribunais julgarem que a remarcação do teste fere o princípio da isonomia. O que não dá para aceitar são testes de aptidão física cheios de erros grosseiros. Se a banca quer ser exigente, então, que invista em tecnologia para diminuir os erros e aumentar a precisão/exatidão.

Vale ressaltar que toda medida tem um erro associado à medição, ao aparelho e ao ser humano. As bancas não levam em consideração tais erros e isso acaba reprovando vários candidatos. Até o exame de Ácido Desoxirribonucleico-DNA não é 100% e existe um erro associado a esse teste.

Vai vendo!!!uer ser exigente, então, que invista em tecnologia para diminuir os erros e aumentar a precisão/exatidão.

Vale ressaltar que toda medida tem um erro associado à medição, ao aparelho e ao ser humano. As bancas não levam em consideração tais erros e isso acaba reprovando vários candidatos. Até o exame de Ácido Desoxirribonucleico-DNA não é 100% e existe um erro associado a esse teste.

Vai vendo!!!