A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e o governador Eduardo Riedel assinaram, nesta segunda-feira (29), no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande (MS), os convênios para a construção de Casa da Mulher em Dourados (MS) e Corumbá (MS).
Para Dourados, serão destinados R$ 16,3 milhões para criação de um centro, a exemplo da estrutura existente em Campo Grande, reunindo uma série de serviços em uma mesma unidade, como Polícia Civil, psicólogos, equipe para exame de corpo de delito, Justiça e assistência social, enquanto em Corumbá o orçamento é de 7,5 milhões.
As duas unidades da Casa da Mulher receberão da União R$ 2 milhões para manutenção do serviço, sendo que o funcionamento, a exemplo do que ocorre em Campo Grande, envolve as três esferas do Poder Executivo e ainda o Judiciário.
Em Dourados, a Casa da Mulher será instalada em terreno de 8,5 mil m² vizinho à Reserva Indígena da cidade, área disponibilizada pela Prefeitura, escolhida diante do volume de casos de violência contra a mulher registrados na região. Um crime gerou especial comoção em agosto de 2021, quando uma menina de 11 anos sofreu estupro coletivo e depois foi assassinada, sendo o corpo jogado do alto de um paredão em uma pedreira desativada.
O prefeito da Cidade, Alan Guedes, considerou essencial unificar os serviços, para um trabalho multidisciplinar, “que vai permitir que a gente consiga encarar com mais organização os desafios que são impostos pela violência moderna.”
Ele confirmou a escolha da área para haver uma atenção maior às mulheres indígenas, diante do volume de ocorrências. O caso da morte da menina de 11 anos não é fato isolado. Ainda naquele ano, outra jovem foi assassinada e, no ano passado, foram pelo menos mais duas mortes, sendo uma adolescente de 16 anos, após ser estuprada pelo namorado, e uma mulher, por crime apontado como passional. As ocorrências sempre envolviam o consumo de bebida alcoólica, outro problema crônico na reserva.
O prefeito admitiu a peculiaridade da violência no cenário local, com as mulheres indígenas demandando atenção especial. A ministra também falou sobre a situação, apontando esperar que a estrutura a ser criada se torne uma referência no País. “É uma preocupação do governo Lula, é uma preocupação do Ministério das Mulheres e é uma preocupação do Ministério dos Povos Indígenas.”
Quando a criança foi assassinada, chegou a haver visitas de autoridades ao local. A então deputada federal Rose Modesto e a senadora Soraya Thronicke foram à cidade e cada uma incluiu emenda ao orçamento no valor de R$ 800 mil. Nesta manhã, durante a oficialização das obras, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, Soraya apontou que os recursos deverão ser utilizados para compra de equipamentos.