Investigação do Ministério Público do Paraguai aponta que o narcotráfico está presente em todas as instituições do país vizinho. Cerca de 120 funcionários públicos de diferentes instituições federais paraguaias foram processados por tráfico de drogas, dos quais 64% são policiais.
Segundo o procurador-adjunto Marco Alcaraz, de 2009 a 2021, esses 120 servidores públicos paraguaios foram processados e muitos já foram até condenados. Do total deles, 64% são da Polícia Nacional, 8% da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), 7% do Ministério Público, 6% do Ministério da Justiça e 5% da Dinac (Diretoria Nacional da Aeronáutica Civil).
Um dos processos mais relevantes é o do narcotraficante Reinaldo Javier Cabaña, mais conhecido como “Cucho”, que envolve um deputado colorado e candidato a prefeito de Ciudad del Este, Ulises Quintana, três procuradores de Justiça e 11 policiais. Já no caso do narcotraficante Gustavo Narváez estão envolvidos 4 policiais, que acabaram condenados.
No processo aberto contra o narcotraficante Marcio Gayoso, 19 policiais são acusados de facilitar o tráfico de drogas. Para o procurador Marco Alcaraz, a situação é preocupante, pois a corrupção é transversal, ou seja, permeia todas as instituições do Estado. “Os traficantes viram a necessidade de entrar nos órgãos estatais para serem mais eficazes na gestão do crime”, revelou.
Para ele, o fato de o narcotráfico ter permeado as instituições do Estado torna o combate a essa organização criminosa muito mais difícil. “Em muitos casos, acreditamos que o fator surpresa não existe mais. Porém, constatamos que a nossa inteligência tem uma contra inteligência”, finalizou.