Mesmo com R$ 131 milhões aplicados, Sesi operou no “vermelho” por 4 anos e teve de ser socorrido

Uma auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre a gestão financeira do Sesi-MS (Serviço Social da Indústria de Mato Grosso do Sul) mostra que a entidade operou com as contas no “vermelho” no período de 2018 a 2022 e precisou receber recursos do departamento nacional.

Mesmo assim, o Sesi-MS, que faz parte do Sistema Fiems, terminou o ano de 2022 com R$ 131 milhões em aplicações. O retrato foi divulgado no “Relatório de Avaliação – Serviço Social da Indústria em Mato Grosso do Sul”, divulgado em abril deste ano.

O levantamento teve como base os dados do Portal da Transparência da entidade, que foram analisados pela Controladoria.

“Em análise mais voltada à operação institucional da entidade, ao relacionar as receitas operacionais (somente as receitas de contribuições, industrial e de serviços, sem se levar em conta as receitas financeiras e subvenções) e as despesas operacionais (somente as despesas de pessoal e encargos e de aplicação direta) observou-se a existência de déficit operacional na série histórica analisada. Contudo, há incremento da receita geral promovido pelas subvenções repassadas pelo Departamento Nacional”, informou a CGU.

Os déficits da série histórica são referentes aos anos de 2018 (R$ 11.028.128,97), 2019 (R$ 5.622.615,31), 2020 (R$ 6.793.415,53), 2021 (R$ 8.428.312,86) e 2022 (R$ 24.633.354,68). No mesmo período abrangido pela auditoria, o Sesi manteve valores expressivos em aplicações financeiras.

O total passou de R$ 95 milhões em 31 de dezembro de 2018 para R$ 131 milhões em 31 de dezembro de 2022. “Em todo o período analisado foram investidos no programa de gratuidade pelo Sesi/MS o valor de R$ 48.143.912,38”.

A entidade comunicou a Controladoria que “realiza estudos contínuos para avaliar o potencial de expansão e crescimento da indústria no estado, levando em consideração os impactos relacionados ao aumento da população, dos trabalhadores, das exportações e demais fatores relevantes”.

Ao final do exercício de 2022, a estrutura física do Sesi reunia 61 imóveis, com valor de R$ 173.770.886,93. No período analisado, houve somente uma alienação, com venda de terreno em Ponta Porã por R$ 859.838. O leilão foi realizado em 12 de junho de 2019.

A análise constatou a existência de imóveis ociosos, não utilizados nas atividades finalísticas do Sesi. No Residencial Búzios, em Campo Grande, são 19 lotes. Adquiridos em 17 de julho de 1998, os terrenos perfazem área total de 4.750 m² e estavam sem utilização. Houve tentativa de leiloar em 2019, com lance inicial de R$ 1,4 milhão, mas o edital não teve interessados.

No mesmo ano, o Sesi também tentou vender terreno no Bairro José Abrão. O lance inicial era de R$ 4 milhões. Também foi localizado terreno sem uso em Três Lagoas, onde ainda está ociosa a estrutura onde funcionou a escola do Sesi até 2016.

Em resposta à CGU, o Sesi informou que é desenvolvido projeto para a utilização do imóvel situado na Avenida Dr. Eloy Chaves, em Três Lagoas. “Este projeto inclui a implementação de uma creche e um espaço destinado a treinamentos e capacitações dos trabalhadores da indústria”.

As entidades do chamado “Sistema S” são mantidas com dinheiro de empresas dos setores correspondentes. Apesar de o recurso não ser público, prestam contas e são subordinados a diversos normativos da gestão pública. Com infos do site Campo Grande News