A Justiça do Paraguai iniciou ontem (22) pela segunda vez, em Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã (MS), o julgamento do pistoleiro brasileiro Sergio Lima dos Santos, apontado como a pessoa que puxou o gatilho da metralhadora antiaérea .50 usada para matar o narcotraficante e contrabandista Jorge Rafaat Toumani em emboscada no dia 15 de junho de 2016.
A pedido do defensor público Mario Bobadilla, que é o responsável pela defesa, o julgamento oral e público de Sergio Lima dos Santos foi suspenso e será retomado na próxima semana, especificamente, na quarta-feira, dia 28 de novembro. Ele argumentou que tinha outros casos pendentes que exigiam a presença dele e, portanto, o julgamento teria de ser retomado na próxima semana.
O julgamento está a cargo dos juízes Santiago Núñez, Mirna Ocampos e Librada Peralta, enquanto a acusação está sob responsabilidade dos promotores públicos Marcelo Pecci e Carlos Arce Letelier. No estágio incidental do julgamento, foi desenvolvido o ensaio oral e o colegiado julgou vários incidentes, dentre os quais o mais importante foi a nulidade do processo.
A defesa alegou que Sergio Lima dos Santos estava indefeso, mas o tribunal considerou que esse argumento não era válido porque era tecnicamente assistido em todos os momentos. Na quarta-feira, quando o julgamento oral for retomado, o promotor Marcelo Pecci defenderá sua acusação em seus argumentos iniciais.
Relembre o caso
Na noite de 15 de junho de 2016, o narcotraficante e contrabandista Jorge Rafaat Toumani foi alvejado, de forma espetacular, por uma metralhadora de alto impacto, de calibre .50, usada para derrubar helicópteros e até parar carros de combate, enquanto retornava para sua mansão em Pedro Juan Caballero, localizada na fronteira seca como Brasil, vizinha à cidade brasileira de Ponta Porã (MS).
Os tiros da metralhadora furaram o veículo blindado modelo Hummer, utilizado pelo então chefão da fronteira, e o aniquilou imediatamente. O pistoleiro Sérgio Lima dos Santos foi abandonado em um hospital de Pedro Juan Caballero minutos após o ataque que matou Rafaat. Ele estava gravemente ferido, mas se recuperou e está preso há quase dois anos e meio.
A execução de Rafaat, que teria sido comandada pelo narcotraficante brasileiro Helton Leonel Rumich, o Galã, que foi preso no início deste ano no Rio de Janeiro (RJ) quando fazia uma tatuagem. Policiais paraguaios afirmam que o PCC (Primeiro Comano da Capital) e o CV (Comando Vermelho) se uniram para eliminar Rafaat, que resistia com violência e morte à expansão das facções criminosas na fronteira.
Logo após a execução, no entanto, os dois grupos romperam a trégua e atualmente travam uma guerra pelo controle do tráfico de drogas e de armas na Linha Internacional entre Paraguai e Mato Grosso do Sul.