Somente depois de uma espécie de pacto entre os plantadores da maconha da região de fronteira do Paraguai com o Brasil, no território do Departamento de Canindeyú, e a Polícia Nacional do país vizinho, é que foi preso um dos supostos líderes da facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital), Thiago Ximenes, mais conhecido como “Matrix”.
Ele estava escondido há três dias em uma montanha na região e foi recapturado ontem (8) no mesmo local onde os policiais tinham matado a tiros seu cúmplice Reinaldo de Araújo. A captura de Matrix foi logo no início da manhã de ontem na montanha Ko’ê Porã, no Distrito de Villa Ygatimí, a 1.500 metros de onde foi morto em 2014 o jornalista Pablo Medina.
A localização exata é a 6 mil metros de onde foi morto há três dias o também brasileiro Reinaldo de Araújo, mais conhecido como “Chocolate”, que, em parceria com Matrix, escapou do Grupo Especializado da Polícia Nacional, em Assunção (PY), no dia 16 de dezembro do ano passado.
A localização do esconderijo de Matrix só foi possível graças ao acordo proposto pelos plantadores de maconha, que, até ontem, já tinham perdidos 12 hectares plantados com a droga em decorrência das operações da Polícia Nacional do Paraguai na busca pelo líder do PCC.
Se a Matrix não aparecesse logo, a Polícia Nacional continuaria a destruir as plantações de maconha na área enquanto vistoriavam as colinas em busca do fugitivo. Agora, a grande dúvida é se a Polícia Nacional vai respeitar o “acordo” que teria feito com os plantadores de maconha em troca da captura de Matrix ou se vai continuar com a erradicação das plantações da droga.
Ao ser localizado, Matrix se rendeu e informou aos policiais que já estava muito exausto e quase desidratado pelos três dias que passou no mato sem provisões. O criminoso tinha uma pistola calibre 9 mm, mas nem sequer tinha forças para empunhá-la.
Ele admitiu que se não fosse capturado morreria na montanha porque todos os seus contatos se recusaram a resgatá-lo por causa da presença da Polícia em toda a região. Matrix também revelou que não pagou a ninguém por sua fuga e que a teria planejado há um ano e meio.
No entanto, ainda de acordo com o criminoso, não podia executar o seu plano de fuga por causa da presença do também traficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, já que as medidas de segurança foram aumentadas. Quando Pavão foi extraditado para o Brasil, ele retomou seu plano, mas teve de pará-lo novamente devido à prisão de outro traficante brasileiro, desta vez, Marcelo Piloto, o que resultou em um novo reforço da segurança do local.
Thiago Ximenes, o Matrix, seria levado ainda ontem, de avião, para Assunção, sendo que a aeronave chegou a decolar da Base Aérea de Curuguaty, mas teve de fazer um pouso forçado em Concepción devido a uma tempestade. De lá, ele foi levado por terra para a capital do Paraguai, chegando hoje (9) de madrugada ao quartel do FOPE.
Segundo autoridades paraguaias, se a Argentina não estiver mais interessada na extradição da Matrix, ele será expulso para o Brasil. “Estamos vendo quão rapidamente poderemos expulsá-lo do país”, disse ontem o presidente Mario Abdo Benitez, que parabenizou a Polícia Nacional pela operação e observou que o Governo está satisfeito com os resultados que estão sendo alcançados.