Enquanto o prefeito de Campo Grande, Marquito Trad, abriu a temporada de “caça” aos motoristas de Uber, aplicativo de carona paga, proibindo a livre operação e iniciando uma verdadeira batalha judicial contra o serviço que caiu no gosto dos habitantes da cidade, a “Máfia do Táxi” corre solta na Capital e quatro integrantes da mesma família, ouvidos na fase de oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga supostas irregularidades na concessão de alvarás de táxi no município, são “donos” de 38 alvarás.
Isso mesmo caro leitor, Orocídio Araujo, sua esposa Maria Helena Juliace de Araújo, seu cunhado Benevides Juliace Ponce e a mulher dele, Gleicekermen Bogarim Godoy Ponce, são os felizes proprietários de 38 alvarás. Apenas Orocídio tem em sua empresa 15 alvarás de táxi, enquanto a esposa tem outros 6, Benevides tem 14 e a mulher dele mais 3, somando 38 permissões para a utilização do serviço de táxi em Campo Grande.
Durante o depoimento, foram questionadas a maneira como as sessões de alvarás eram feitas e o valor das negociações, já que os permissionários afirmam que não comercializavam os direitos e sim os bens materiais como carros, taxímetros, telefone e rádio. “As pessoas me procuravam por vários motivos. Alguns queriam encerrar o ramo, outros eram conhecidos, amigos”, afirmou Orocídio, empresário do setor de táxi há 36 anos em Campo Grande.
Ele e a esposa deixaram claro que, apesar de casados, a administração dos negócios seguia totalmente a parte do relacionamento. “Ela responde pelos negócios dela e eu pelos meus”, afirmou. Durante a conversa com os parlamentares ele chegou a oferecer a disponibilização dos balanços contábeis de sua empresa, no entanto afirmou depois que precisaria falar com seu advogado.
Questionado sobre ter parentes trabalhando no táxi ele afirmou que além da esposa, possui também dois filhos e sobrinhos atuando. No entanto, nem ele e nem a esposa atuam mais como taxistas, se valendo apenas de motoristas autônomos, os chamados curiangos. Maria Helena chega a mencionar em seu depoimento que comprou o primeiro carro em 1995 mas que não se recordava de quanto tempo tinha dirigido o veículo antes de terceirizar o serviço para um motorista auxiliar. Durante as oitivas, Benevides não soube detalhar negociação feita com o cunhado que recebeu dele uma transferência.
É senhor prefeito, seria bom deixar os motoristas de Uber em paz e cuidar de barrar os verdadeiros irregulares nessa história. Não é mesmo?