Já virou rotina, um dia sim e o outro também, um acadêmico dos inúmeros cursos de Medicina oferecidos na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul é preso por envolvimento com ilícitos. O último caso é do acadêmico Taygor Ivan Moretto Pelissari, que teve a prisão preventiva decretada após solicitação do MPE (Ministério Público Estadual).
Ele tinha sido solto há quase dois meses com o uso de tornozeleira eletrônica por suspeita de envolvimento com o jogo do bicho em Ponta Porã (MS), que faz fronteira com a cidade paraguaia Pedro Juan Caballero. O mandado foi expedido com validade de 12 anos e, no sábado (21), uma equipe da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã cumpriu a ordem judicial.
Após ser capturado, o jovem foi encaminhado para o presídio de Ponta Porã, sendo que não há mais detalhes de como ocorreu a prisão do acadêmico de Medicina, que passou por audiência de custódia na tarde de domingo (22) e teve a prisão mantida pela Justiça.
Anteriormente, Taygor Pelissari foi preso no dia 16 de outubro de 2023 ao ser flagrado em um cassino com 700 máquinas de jogos de azar, localizado no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande. Ele portava uma pistola Glock, carregador e munições.
O local foi alvo de ação da equipe do Garras (Grupo Especializado na Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras). Depois, em dezembro do ano passado, ele teve mandado de prisão expedido em razão da Operação Sucessione, mas, no dia 17 de julho de 2024, foi deferida a liberdade com monitoração eletrônica após a defesa alegar não existir motivos para a manutenção da prisão do acadêmico.
No entanto, dia 18 de setembro, a decisão foi revertida pelos desembargadores da 1ª Câmara Criminal. Por unanimidade, os magistrados decidiram restabelecer a prisão de Taygor Pelissari, avaliando que sua liberdade representava um risco à “conveniência da instrução criminal”, uma vez que poderia intimidar as vítimas.
Além disso, consideraram que os fatos investigados evidenciam “a periculosidade do recorrente, que faz parte de uma Organização Criminosa dedicada ao controle do jogo do bicho na região.” Na denúncia da Operação Sucessione, o deputado estadual Neno Razuk (PL) é apontado como líder da organização criminosa dedicada à prática dos crimes de roubo majorado, exploração de jogos de azar, corrupção, entre outros.
Na primeira fase da operação ocorrida em 2023, quando três de seus assessores foram presos, o deputado Neno Razuk negou que tenha elo com a jogatina em Campo Grande e deixou claro que não deixaria a função de corregedor da Assembleia Legislativa. Mas, seus três assessores, o major aposentado Gilberto Luiz dos Santos, Diego de Souza Nunes e Manoel José Ribeiro, foram demitidos.
Além disso, informa a assessoria do Gaeco, à época, que mesmo depois da apreensão de cerca de 700 máquinas para apostas do jogo do bicho, ocorrida em 16 de outubro, o grupo continuou investindo na compra de novos equipamentos para repor o estoque, deixando claro que o grupo não havia se intimidado com a descoberta.
Esse grupo de policiais aposentados estaria ligado ao deputado e a meta, conforme a investigação, seria expulsar da cidade um grupo paulista que teria passado a explorar a modalidade clandestina de apostas desde 2019 em Campo Grande. Os indícios eram de que pessoas ligadas ao deputado teriam participado de pelo menos três roubos de malotes com dinheiro de apostas do grupo rival.
E depois das investigações iniciais, o GAECO concluiu que 15 pessoas, “cada qual a sua maneira, integravam organização criminosa armada, estruturalmente ordenada e com divisão de tarefas, voltada à exploração ilegal do jogo do bicho, roubos triplamente majorados, corrupção, entre outros crimes graves”, informou o MPE.
O nome da operação (Sucessione) faz alusão à atual disputa pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande, com a chegada de novos grupos criminosos que migraram para a Capital após a “Operação Omertà”, que em 2019 “destronou” a família Name, que durante décadas dominou essa modalidade de jogatina na cidade.