Nos últimos dias o Shopping Bosque dos Ipês passou a contar com uma nova Superintendente. Trata-se de Adriana Flores, profissional experiente, com mais de 12 anos em agências de comunicação, 10 anos de atuação no Grupo Positivo e por último atuando no cargo de Superintendente de Shopping no Grupo BRMalls, o mesmo do Shopping Campo Grande. Além disso, formação na UFSM, PUC-PR, FGV e no mundialmente admirado MIT, Massachusetts Institute of Technology.
Tudo isso a qualifica muito bem para este novo desafio, mas não é garantia de solução dos problemas que o Bosque vive. Isso por si só não vai atrair clientes nem fazer o Shopping ficar menos distante, mas pode criar um novo momento de resgate para o empreendimento que hoje é considerado um “Shopping Fantasma” e vive assombrado com boatos de fechamento.
O Blog do Nélio foi ouvir a parte mais interessada e impactada por esta mudança no Bosque: os lojistas. E por incrível que pareça todos os entrevistados pediram que seus nomes não fossem citados, por temerem que suas críticas possam refletir nas negociações “especiais” feitas para mantê-los no Shopping, como por exemplo em alguns casos, o não pagamento de aluguel e sim apenas o condomínio.
SEM ARROGÂNCIA E NÚMEROS REAIS
“Nossa esperança é que as coisas melhorem. Só nos resta acreditar. Vivemos a agonia da insegurança dia após dia. Acreditamos e investimos no Shopping e hoje passamos muitas dificuldades. Precisamos de uma relação melhor com a superintendência, com respeito, sem arrogância e prepotência. Não é justo que quando questionamos os resultados no Bosque acabamos ouvindo ‘sem quiser sair, pode sair’. Esperamos um novo momento.” afirmou um lojista da praça de alimentação.
Já de outro empresário ouvido, que possui várias lojas em Campo Grande e uma franquia no Bosque, o depoimento foi mais categórico: “já tenho autorização da franquia para fechar a loja, e tenho também interesse em encerrar, mas tenho persistido em manter a loja aberta. Vamos ver o que essa mudança sinaliza. Precisamos de mais diálogo, e um canal sempre aberto, inclusive com os donos do Shopping. Mas não adianta apenas falar bonito, os relatórios e os números precisam ser confiáveis, inclusive aqueles que são divulgados para a imprensa, que acaba publicando porque não pergunta a quem realmente sabe, que são os lojistas. Não podemos mais ver números divulgados que sabemos ser irreais. E não dá mais ter diretores que por meses e meses dizem estar sempre em reunião, fugindo para não atender a gente.”.
ATENÇÃO E PROFISSIONALIZACÃO
De uma vendedora que trabalha há um ano no Bosque, a nossa reportagem ouviu que “o dono aqui da loja nem tem ânimo de vir mais aqui. As vendas são insignificantes. Já teve dia que a loja vendeu apenas trinta reais. E a gente percebe, falando com outros colegas daqui que parece que isso não é problema do Shopping, que eles não se importam. Não se percebe nada eficiente sendo feito, e nem atenção. A diretoria fica trancada na administração, distante do que realmente acontece aqui. Parece que isso aqui vai virar só local pra shows.”.
Se por um lado todos os depoimentos soam como desabafo e apontam para muitos problemas gerados pelo distanciamento entre administração e lojistas, é possível perceber que a nova superintendente assume não apenas um cargo, mas também a expectativa de todos os empresários e funcionários e a torcida de toda a população para que finalmente o empreendimento dê certo. E um dos passos é ouvir a todos, com humildade, transparência e verdade.
Vivendo uma fase bem menos otimista, depois de investir alto no Bosque, empresária do segmento de moda concluiu afirmando que “é preciso ver o que realmente vai acontecer. Vou torcer para que dê certo, pois meu dinheiro está nesse negócio. Só de ter experiência real em Shopping já temos a ganhar com a nova contratação, mas só isso não vai resolver. Precisa profissionalizar tudo, inclusive o marketing do Shopping, que é muito fraco, deixa a desejar e já provou que não funciona. Não dá mais pra insistir em algo que todos são unânimes em avaliar como ruim. Se é hora de mudança, que tudo seja feito para melhorar. É nosso negócio e nossas vidas que estão aqui. E um empreendimento desse porte tem muito dinheiro envolvido pra ter tanto amadorismo. Faz mais de um ano que a coisa só piora e não adianta colocar a culpa na crise. Nossa crise é de gestão. Precisa resolver. Virar a página e deixar no passado tudo que não ajudou o Bosque até agora. Ou tudo vai piorar ainda mais.”,
O que muda?
Somente o tempo, o Grupo Jereissati e Adriana poderão dizer.
Que bons ventos soprem nesse novo momento do Bosque dos Ipês e a cidade possa ter motivos para voltar a frequentar aquele espaço.