E a lista de investigações a serem retomadas pela Força-tarefa, que foi criada pelo Garras (Delegacia de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) para investigar os crimes de pistolagem praticados em Campo Grande (MS), vai incluir também a execução do jornalista e policial aposentado Eduardo Carvalho, 51 anos, ocorrida no dia 21 de novembro de 2012, em frente da própria casa, no Bairro Giocondo Orsi.
O retorno dessas investigações, até então arquivadas ou paradas, é motivada pela “Operação Omertà”, que levou para a cadeia os empresários Jamil Name, 83 anos, e o filho dele, Jamil Name Filho, 42 anos, por serem os chefes de organização criminosa dedicada ao assassinato de desafetos, tanto nos negócios, quanto na vida pessoal em Campo Grande. Conforme apurações do Blog do Nélio, “Carvalhino” era proprietário do site UHNews, conhecido por divulgar matérias policiais e bastidores da política, o que teria provocado a ira da milícia comandada por pai e filho e isso motivou a ordem para sua execução.
Na época da execução, a Polícia suspeitou de pistolagem, mas o mandante não foi apontado, já que tinha uma extensa lista de pessoas denunciadas pelo jornal eletrônico comandado pela vítima. O empresário, que já tinha sofrido um atentado, dirigia o jornal digital que se caracterizou por publicar fortes denúncias contra diversos políticos e policiais, conhecidos como “do colarinho branco”, em Mato Grosso do Sul. As informações publicadas pelo portal “UH News”, em geral, eram baseadas em revelações de fontes de instituições que preferiam não se identificar.
Segundo a Polícia Civil, cerca de 20 boletins de ocorrência foram registrados contra o jornalista no período de 2005 a 2012, a maioria por ameaça, calúnia, injúria e difamação, sendo o último registro em julho de 2012. Carvalhinho também registrou ocorrência policial em fevereiro de 2006 dizendo ter sido vítima de ameaça. Além disso, no site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), constam processos em que o jornalista é citado a retirar material considerado ofensivo. Enfim, motivos não faltavam para “calarem” o jornalista, o que acabou acontecendo em novembro de 2012.
A execução
Segundo a Polícia Civil, Carvalhinho foi executado quando recolhia a moto na garagem e acabou surpreendido por dois homens. A mulher da vítima chegou a pegar a arma do marido na tentativa de reagir, mas a pistola calibre 380 estava sem munição. O crime aconteceu às 22h40, na Rua Cláudia. A mulher do jornalista relatou à Polícia que o casal voltava de uma chácara. Ela colocou o veículo na garagem, enquanto ele manobrava a moto, que estava na calçada, para dentro da residência.
Neste momento, ela ouviu pelo menos três estampidos, saiu correndo e encontrou o marido caído e, próximo, dois homens em uma motocicleta: o garupa de roupas e capacete preto e o condutor com capacete vermelho. Eduardo Carvalho foi atingido com três tiros: um acima do umbigo, um no quadril direito e outro abaixo da axila direita.
A mulher relatou à Polícia que pegou a arma do marido e apontou na direção dos homens, que faziam o retorno e passariam em frente da casa novamente. Ela atirou, mas não havia munição na câmara da pistola e os dois fugiram. O circuito interno de segurança da casa de Carvalho serve apenas para visualização de quem chega e não tem gravação do crime.
Em depoimento à Polícia, o vigia do bairro disse que viu a motocicleta que entrava na Rua Cláudia e ouviu os estampidos. Logo em seguida, o veículo retornou. No boletim de ocorrência consta que neste momento os homens teriam retornado para buscar o carregador com sete munições de calibre 45 que deixaram cair. O carregador foi encontrado na rua e recolhido pela Polícia.