Um fato inusitado, que seria cômico, se não fosse trágico, aconteceu na última segunda-feira (09) na cidade fronteiriça de Ponta Porã (MS) envolvendo a Justiça. Representantes do Poder Judiciário no Estado foram até a mansão do empresário Fahd Jamil, 79 anos, que está foragido desde o dia 18 de junho, para procurá-lo e lhe entregar uma intimação.
Isso mesmo, os oficiais de Justiça foram até o imóvel do homem mais procurado pela Polícia do Estado na esperança de encontrá-lo lá. Porém, como é óbvio, recebeu a informação de que o “Rei da Fronteira” está em “lugar incerto e não sabido”, segundo declaração dada à Justiça de Mato Grosso do Sul durante tentativa de intimá-lo em ação penal da qual é réu.
Na mansão, que é uma cópia de Graceland, localizada em Memphis, no Tennessee (EUA), onde morou o cantor e ator Elvis Presley, o “Rei do Rock”, o sobrinho de Fahd Jamil e atual morador da casa, Arnaldo Escobar, deu a declaração ao oficial de Justiça, conforme documento anexado em ação derivada da fase 3 da “Operação Omertà”, deflagrada em junho contra o empresário.
Nesse processo, a acusação é de crimes contra o sistema nacional de armas, em resumo a compra e venda ilegal de armamentos para uso em execuções atribuídas a milícias armadas atuantes em Campo Grande e na cidade fronteiriça ao Paraguai. A Operação Omertà começou em setembro do ano passado, quando Jamil Name e o filho, Jamilzinho, foram presos por liderar organização criminosa em Campo Grande. Em junho deste ano, na terceira fase, as apurações atingiram Fahd Jamil, acusado de ser o chefe de grupo criminoso em Ponta Porã.
As duas organizações criminosas atuariam como um consórcio do crime. Flavio Georges Jamil, o “Flavinho”, filho de Fahd Jamil, também está foragido. Houve tentativa de intimá-lo no mesmo dia, no Centro de Ponta Porã, mas no endereço dele, o imóvel estava fechado. A informação obtida junto ao juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, responsável pelo processo, é de que essa citação obedece às regras legais, mas mesmo sem localizar os réus é possível prosseguir com a ação penal.
Como pai e filho tem advogado constituído, a intimação pode ser através deles. Também poderia ser feita por meio de edital. Em último caso, se não houvesse advogado constituída, poderia ser nomeado um defensor público para dar continuidade ao processo. Como resultado da Omertà, Fahd Jamil e o filho são réus em mais dois processos, um deles por corromper agentes de segurança, dentre eles o delegado de Polícia Civil Márcio Shiro Obara, que ficou preso até agosto e agora está usando tornozeleira eletrônica.
A outra ação criminal é pela execução do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, o policial militar Ilson Martins Figueiredo, ocorrida em junho de 2018. Nesse caso específico, os advogados de Fahd se manifestaram só para pedir acesso ao conteúdo das investigações. A banca, que tem vários advogados sob liderança do criminalista Gustavo Badaró, de São Paulo, também fez pedido derrubar a ordem de prisão, tanto no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), quanto no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Nos dois lugares, foi mantida a decisão judicial de primeiro grau mandando prender Fahd Jamil e o filho Flavinho. Com informações do site Campo Grande News