A Polícia Federal vai investigar a denúncia feita pelo jornalista Caco Barcellos, no programa Profissão Repórter, da Rede Globo, na última terça-feira (1º), de uma reunião convocada 48 horas antes do 2º turno das eleições com cidadãos que recebem o benefício social Auxílio Brasil no município de Coronel Sapucaia (MS).
A determinação é da Justiça Eleitoral de Mato Grosso do Sul e atende solicitação da Procuradoria Regional Eleitoral do Estado, que também já apura o caso revelado na reportagem que mostrou que os beneficiários estavam sendo assediados a votar no presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
Na determinação, a Justiça Eleitoral vê a investigação da PF como uma tentativa de esclarecer a finalidade da reunião e levantar evidências para apurar os fatos que a reportagem denunciou. “Serão solicitadas diligências ao promotor eleitoral de Coronel Sapucaia para instruir o feito”, informou por meio de nota o Ministério Público Eleitoral.
Nas redes sociais do prefeito de Coronel Sapucaia, Rudi Paetzold (MDB), internautas cobram posicionamento sobre a denúncia de assédio eleitoral com beneficiários do Auxílio Brasil. A assessoria da Prefeitura disse que o gestor municipal “não irá se posicionar sobre o caso no momento”.
No Instagram de Rudi Paetzold, algumas pessoas comentaram cobrando um posicionamento do prefeito e chegaram a marcar as contas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul). Entre as postagens, um usuário escreve a frase “Que exemplo em prefeito?”, enquanto em outro post o comentário é “E aí prefeito, e essa compra de votos?”.
Coronel Sapucaia (MS) é uma das 3 cidades em todo o Brasil em que Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) tiveram exatamente o mesmo número de votos no 1º turno: 4.254 votos cada um. Porém, no 2º turno, após as reuniões em que os beneficiários do Auxílio Brasil foram incentivados a votar no atual presidente da República, o número de votos em Bolsonaro subiu para 4.530, ou seja, 276 a mais, enquanto os votos em Lula caíram para 4.090, ou seja, 164 a menos.
O racha entre Lula e Bolsonaro levou tensão para a convivência entre os moradores de Coronel Sapucaia. Principalmente no ambiente virtual. “Vejo muito bate-boca nas redes sociais e muita gente perdendo a amizade. É o que pude perceber, tem muitos grupos de família com brigas e discussões”, disse a professora Rosângela Polatha.
Contudo, a convivência presencial não reflete casos de violência política, como ocorreu em partes do país com agressões físicas, ataques a tiros e até mortes. “As pessoas estão bem divididas por conta da eleição, mas acredito que não tenha briga, não”, contou Rita Oliveira, vendedora em uma loja de roupas. “Convivência está mais ou menos, as pessoas têm se estranhado, mas não tem briga. Não tem tido brigas, não”, disse o gerente de vendas Antony Bordão. Com informações do site G1