Justiça decreta prisão de Puccinelli. PF busca ainda mais 4 acusados de desviarem R$ 230 milhões de reais

André Puccinelli Júnior chega à Superintendência da PF, em Campo Grande, MS (Foto: Ginez César/ TV Morena)

A Polícia Federal cumpre nessa manhã um mandado de prisão na casa do ex-governador André Puccinelli em mais uma etapa da operação Lama Asfáltica que investiga o desvio de mais R$ 230 milhões. As informações preliminares indicam ainda que mais mandados de prisão foram expedidos contra outras 5 pessoas, inclusive da família de Puccinelli.

Policiais federais entraram por volta das 6 horas desta terça-feira (14) no prédio onde mora o ex-governador André Puccinelli (PMDB), em Campo Grande (MS). Segundo o advogado Renê Siufi, que atua na defesa de Puccinelli, policiais fazem busca no apartamento dele e não há mais informações sobre mandado prisão.

A ação faz parte da 5ª fase da operação Lama Asfáltica e a Polícia Federal também está em outros endereços. Na Capital, há policiais federais em pelo menos outros dois prédios residenciais e há mandados sendo cumpridos ainda em Nioaque, Aquidauana e São Paulo.

Além do apartamento do ex-governador, policiais estiveram no do filho dele, André Puccinelli Júnior. Ele foi levado para a Superintendência da PF. A polícia ainda não confirma qual é o mandado relacionado a ele.

Corrupção

De acordo com a Polícia Federal (PF), a operação Papiros de Lama tem objetivo de cumprir dois mandados de prisão preventiva, dois de prisão temporária, seis de condução coercitiva, que é quando a pessoa é levada por policiais para prestar depoimento, e 24 de busca e apreensão.

A Controladoria-Geral da União (CGU) também integra a ação. Valores nas contas bancárias de pessoas físicas e empresas investigadas foram apreendidos.

Conforme a PF, a investigação que resultou na Papiros de Lama tem como objetivo acabar com grupo suspeito de desviar R$ 235 milhões em recursos públicos por meio do direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos, financiamento de atividades privadas sem relação com a atividade-fim de empresas estatais, concessão de créditos tributários com vistas ao recebimento de propina e corrupção de agentes públicos.

Ainda conforme a PF, a propina era mascarada de diversas formas. Uma delas, era a compra, sem justificativa plausível, de obras jurídicas, por parte de empresa concessionária de serviço público e direcionamento dos lucros, por interposta pessoa, a integrante do grupo investigado.

No apartamento do ex-governador

Em maio deste ano, policiais estiveram no apartamento de Puccinelli, no bairro Jardim dos Estados, e o levaram em viatura caracterizada à Superintendência da PF. Foi cumprido mandado de condução coercitiva. Em 2016 a primeira busca no local, no âmbito da operação Fazendas de Lama.

Policiais e servidores da CGU e da Receita Federal foram também à Secretaria de Estado de Fazenda e à Secretaria de Estado de Educação, ambas no Parque dos Poderes, à casa do filho do ex-governador, fazendas, à empresas de informática, frigorífico e residências.

Outras fases da operação

A primeira operação da PF sobre desvio de dinheiro público em gestões anteriores do governo do Estado foi deflagrada em 9 de julho de 2015. A ação apurava fraude em obras públicas. Em uma delas, grama que deveria ser plantada ao longo de três rodovias era substituída por capim. Todos os investigados negaram as acusações.

Em 10 de maio de 2016 a segunda fase da investigação: a operação Fazendas de Lama. Esta foi a primeira vez que a PF esteve na casa do ex-governador André Puccinelli. Investigação da PF, CGU e Receita indicaram que o dinheiro obtido com corrupção foi usado para compra de fazendas, daí o nome da ação.

Em julho de 2016 CGU, Receita e PF deflagraram a terceira fase da operação: a Aviões de Lama. Apurações apontaram que os investigados sobre corrupção estavam revendendo bens de alto valor e dividindo o dinheiro com diversas pessoas, com objetivo de ocultar a origem.

A quarta fase foi em maio de 2017. Conforme a PF, os alvos direcionavam licitações públicas, superfaturavam obras, faziam aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrompiam agentes públicos. Os recursos desviados resultaram em lavagem de dinheiro.