Justiça “caça” proprietários do Nasa Park desde janeiro para que paguem indenização

As vítimas da tragédia do rompimento da barragem do condomínio rural de luxo Nasa Park, localizado no limite dos municípios de Campo Grande e Jaraguari, ainda não receberam nenhuma parcela da indenização determinada pela Justiça para serem pagas pelos proprietários do empreendimento imobiliário.

A informação é da pequena produtora rural Gabriele do Prado Lopes Bethencourt, uma das vítimas do rompimento da barragem, que revelou ao Correio do Estado que ela e os demais pequenos proprietários de terras na região afetada pelo alagamento provocado pelo rompimento da barragem ainda não receberam nada há mais de três meses da assinatura do acordo na Justiça.

Segundo Gabriele Bethencourt, as parcelas da indenização até então não pagas, se trata de uma antecipação de tutela que foi proferida pela Justiça em janeiro, dentro de processo contra o condomínio rural de luxo.

O valor decidido para pagamento é de quatro salários mínimos (cerca de R$ 6 mil), que seriam divididos para três vítimas da tragédia da mesma família, Gabriele, Thiago Andelçon do Prado Lopes (Pai de Gabriele) e Thiago Andelço (irmão de Gabriele).

Ainda de acordo com ela, essa indenização estava prevista para ser paga em fevereiro, porém o valor nunca foi pago pelos donos do Nasa Park porque os proprietários do condomínio rural de luxo não foram encontrados pela Justiça para receberem a intimação da antecipação de tutela.

Sem receber nenhum tipo de auxílio dos causadores do desastre, Gabriele Bethencourt batalha todos os dias para conseguir o básico para custear despesas e alimentação para sua família, pois a enxurrada causada pela queda da barragem no dia 20 de agosto de 2024, levou toda a renda que existia na chácara onde morava, perdendo tanques de peixe, porcos, plantação de mandioca, milho, abóbora e hortaliças.

“É humilhante você ter que pedir as coisas para os outros por conta da negligência dos órgãos ambientais e dos proprietários da Barragem. As contas continuam chegando e ninguém quer saber se a barragem levou nossa casa e nossa renda. A conta sempre chega. Não tenho mais nem como manter o básico, imagina conseguir pagar as contas para deixar tudo em dia”, declarou.

Ela tem quatro filhos de 3, 7, 8 e 14 anos de idade, respectivamente, dois dos menores usam fraldas e um deles é autista, o que aumenta as dificuldades financeiras da família que, devido à tragédia, está sem renda fixa.

“O gasto com combustível, alimentação, fraldas, remédios, aluguel, água, leite é absurdo. Estamos tentando refazer a horta na chácara, mas os animais nativos da região estão acabando com tudo”, descreveu.

Uma audiência deve ser realizada nos próximos dias para tratar sobre a falta de pagamento indenizatório, porém não se sabe se os proprietários ou representantes do Nasa Park comparecerão.

No dia 13 de fevereiro, um termo de ajustamento de conduta foi celebrado após reunião entre a advogada dos empresários do condomínio rural de luxo e promotores de Justiça, quando seis vítimas da tragédia aceitaram o acordo totalizado de R$ 1,3 milhão, entre elas, está a mãe de Gabriele Bethencourt, Luzia Prado Lopes.

Conforme informações dela, a primeira parcela desse acordo já deveria ter sido paga, porém o dinheiro indenizatório ainda não caiu na conta das vítimas. “Era para ela [Luzia] já ter recebido os 30% da entrada, mas não recebeu um real. O advogado dela ligou para a comarca de Bandeirantes, mas não tinham promotores de Justiça para atender. Minha mãe iria usar o dinheiro desta entrada para alugar uma casa na cidade, enquanto estamos dependendo de um milagre para ter comida para todo mundo”, disse.

Precisando gerar renda para pagar aluguel de sua moradia na cidade, Gabriele Bethencourt informou à reportagem que está vendendo miniovos de chocolate com o que conseguiu investir em ingredientes.

Para quem se interessar na compra dos miniovos de Páscoa para ajudar a vítima e sua família neste momento difícil, podem entrar em contato pelo telefone (67) 9 9320-4224.