Juiz marca 3º julgamento do empresário acusado de ser “laranja” de ex-diretor do HU

O juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira marcou as audiências de instrução e julgamento para os próximos dias 11 e 12 de junho do empresário Alcides Manuel do Nascimento por denúncias derivadas da “Operação Sangue Frio”, da Polícia Federal, em que é réu por ser “laranja” do ex-diretor-geral do Hospital Universitário (HU), o médico José Carlos Dorsa Vieira Pontes.

Ambos teriam recebido R$ 144,8 mil em propina, conforme o MPF (Ministério Público Federal), sendo que Alcides Manuel passou pelo mesmo processo em agosto e novembro de 2023. A primeira acusação é de que a dupla teria recebido R$ 1,3 milhão em suposta propina por favorecimento à empresa Biotronik, enquanto na segunda o MPF diz que os denunciados ganharam R$ 683 mil em propina da Braile Biomédica.

Alcides Manuel é um dos sócios da Cardiocec Serviços, Comércio e Representações, porém, na realidade, a empresa seria de propriedade e administrada de fato por José Carlos Dorsa. A descoberta foi feita através de depoimentos e interceptações telefônicas obtidas na Operação Sangue Frio, deflagrada em 2013.

Apenas Alcides Manuel responde a estas acusações, porque José Carlos Dorsa morreu misteriosamente em uma sauna da Capital, em março de 2018. Com os bens bloqueados, ele era réu em nove ações, sendo quatro penais e cinco por improbidade administrativa, e teria sido vítima de um ataque cardíaco.

O terceiro julgamento do empresário é resultado da denúncia em que teria recebido R$ 144,8 mil em propina através de cheques e de contas correntes vinculadas às empresas QL Med – Materiais Hospitalares e QL Comércio e Representações na compra de insumos para o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian.

A denúncia aponta que o dinheiro teria sido recebido através da Cardiocec. A denúncia foi recebida pela 3ª Vara Federal de Campo Grande em agosto do ano passado. Alcides Manuel argumenta que a acusação é fundamentada exclusivamente em relatório falho da Controladoria-Geral da União, elaborado por auditores que não conhecem a realidade de um Hospital Público, o que levou a constatações equivocadas.

O empresário afirma ainda que a auditora responsável pela investigação, chefe da CGU regional de MS, à época, possuía problemas de ordem pessoal com o investigado José Carlos Dorsa, então diretor do HU. Aponta, também, não haver indícios ou provas de “ligações espúrias” entre Alcides e Dorsa.

E que “não consta dos autos acusação quanto a fraude ou superfaturamento nos Pregões Eletrônicos nos quais se sagrou vencedora (em alguns itens) a empresa QL MED, de modo que não é possível se admitir que o acusado, ou qualquer outra pessoa, tenha recebido vantagem indevida que tivesse por origem mencionado procedimento licitatório”.

O juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, assim como nos casos anteriores, rejeitou as alegações da defesa e manteve o andamento do processo. “A peça acusatória vem estruturada com o mínimo de solidez documental e discursividade argumentativa, individualizando as condutas e explicitando a suposta participação das pessoas denunciadas. As condutas atribuídas a ALCIDES e de sua pessoa jurídica CARDIOCEC, supostamente atuando como interposta pessoa para recebimento de vantagens indevidas, de modo a também dissimular a origem ilícita dos valores, está apresentada com inteligibilidade, independentemente de estar correta em si”, afirmou. Com infos site O Jacaré