A mulher foi violentada sexualmente pelo investigador pela primeira vez no dia 4 de abril, no dia em que foi presa. A vítima não contou nada a ninguém, até que na noite de terça-feira (12), o mesmo policial civil a estuprou novamente e os episódios foram descobertos. Conforme registrado pela Polícia, presos de outra cela ouviram a moça chorar muito durante a noite, logo depois de ter sido tirada da carceragem pelo investigador. Eles perguntaram o que havia acontecido e presa relatou que tinha sido estuprada.
Os outros presos decidiram então denunciar a situação e contaram a outro policial civil que tinham um celular e pediram para chamar a delegada Thais Duarte Miranda. Eles revelaram ainda que o celular foi dado por Elbeson de Oliveira como forma de “comprar o silêncio” das testemunhas. A delegada foi ouvir a presa, que confirmou o ocorrido. Conforme o relato da vítima, na primeira vez, o policial a levou para um quarto com uma bicama e banheiro.
Depois de violentá-la, a obrigou a tomar banho e a ameaçou, dizendo que iria atrás da vítima “até no inferno” se ela revelasse o que tinha ocorrido. O segundo estupro aconteceu em uma “sala com sofá cinza que tinha brinquedo de criança no chão”, relatou a detenta, quando o investigador obrigou a moça a fazer sexo oral nele. Depois, se masturbou, ejaculando na própria mão para não deixar vestígios.
Pela descrição, segundo registrado pela delegada, a primeira violência aconteceu no alojamento dos policiais e, a segunda, na “Sala Lilás”, reservada para o atendimento a mulheres vítimas de violência. Câmeras de segurança da delegacia foram verificadas e constataram que, no dia 12, o investigador retirou a mulher da cela por volta das 18h23 e retornou às 18h43. Comprovaram também o momento em que Elbeson de Oliveira entrega o aparelho celular aos detentos por volta das 19h30.
Presa no dia 4, a vítima chegou a pedir a substituição da prisão por custódia domiciliar ou medidas cautelares – como obrigação de se apresentar em juízo –, mas no dia 7, a juíza Silvia Eliane Tedardi da Silva entendeu que era prudente mantê-la na cadeia. “Embora o crime não envolva o emprego de violência ou grave ameaça, devo ressaltar que a prisão domiciliar é situação excepcionalíssima, e não um direito absoluto”, informou na decisão.
Após chegar ao conhecimento do Judiciário que a presa havia sido estuprada dentro de delegacia, porém, o juiz Albino Coimbra decidiu revogar a prisão. “Apesar de a prisão preventiva ter sido decretada em observância aos requisitos legais, tenho que a comunicação de crime cometido em face da autuada, nas dependências da unidade penal e por agente estatal, torna sua manutenção ilegal, já que agora figura na condição de vítima de abuso sexual. Nesse aspecto, é necessário resguardar a integridade física e psicológica da ofendida, o que não se pode garantir se permanecer custodiada, pois flagrante a violação de direito em face de pessoa cuja tutela é de responsabilidade do Estado”.
O investigador Elbeson de Oliveira já foi preso pelo estupro da detenta e a Corregedoria da Polícia Civil foi acionada. Policiais da Capital foram até a cidade e fizeram campana na residência do acusado, horas depois, ele foi preso. Com informações do site Campo Grande News