Juiz federal aceita denúncia do MPF contra grupo que lavou R$ 80 milhões do narcotráfico em Corumbá

O juiz federal Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, da 5ª Vara Federal de Campo Grande, aceitou a denúncia feita pelo MPF (Ministério Público Federal) contra organização criminosa acusada de usar estabelecimentos comerciais de pequeno porte para lavar uma fortuna proveniente do tráfico internacional de drogas. O negócio familiar movimentou R$ 80 milhões em quatro anos, entre 2017 e 2021, na fronteira com a Bolívia, e uma das principais rotas do tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul.

O esquema criminoso foi desvendado na Operação Mamon, deflagrada pela Polícia Federal e denunciado pelo MPF, que identificou a movimentação de R$ 63 milhões de um mercadinho, sendo a maior parte proveniente do cartão de crédito.

O outro negócio rocambolesco era uma conveniência de Corumbá, que faturou R$ 23 milhões e vendia até para clientes de Belo Horizonte (MG), localizada a 1.600 quilômetros de distância. O principal meio para ocultar a fortuna era a utilização de cartões de crédito para efetuar compras fantasiosas, de forma a aparentar um negócio de grande movimentação de compra e venda.

No entanto, o local possuía pequeno fluxo de clientes, sendo que em um dos estabelecimentos investigados cerca de 90% do faturamento vinha de cartões de crédito dos próprios integrantes da família. Um deles detinha consigo uma máquina de cartão de crédito na capital mineira por meio da qual efetuava compras na loja de conveniência localizada em Corumbá.

As investigações apontaram que a organização criminosa era composta por acusados pertencentes a duas famílias. A família Della é capitaneada por Ale Tahir Della, que empreendia seus dois filhos, Matheus Prado Della e Allex Prado Della, no esquema.

Já a família Martins tem como líder Ioneide Nogueira Martins, o ‘Paraná’, que se associou com os irmãos, Ademilson Dias Bezerra, conhecido como ‘Paranazinho’, e Maria Lúcia Martins, e ainda com o sobrinho, Lukas Martins Nogueira, e a cunhada, Mayara Pinho Tucan.

Além deles, as investigações alcançaram Luciano Cestari e Guilherme Regenold Neto, que são acusados de emprestarem seus estabelecimentos comerciais para a lavagem de capitais em troca de benefícios em bens ou espécie.

Todos foram denunciados pelos crimes de organização criminosa, de caráter transnacional, e lavagem e ocultação de bens. Além das penas de prisão, o MPF pede a fixação de indenização por danos morais coletivos, em valores que chegam a R$ 2 milhões para os líderes do esquema. Com infos O Jacaré