Pode parecer cômico, mas é trágico: o ex-vereador Jamal Salem, que é médico urologista, deu parecer médico para que o empresário e amigo Jamil Name, 83 anos, possa cumprir prisão domiciliar. De acordo com matéria do jornal Correio do Estado, preso há mais de quatro meses e sob custódia do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no Presídio Federal de Mossoró (RN), Jamil Name voltou a apelar para a idade avançada para deixar a prisão.
Com novo pedido para deixar a cela de isolamento e conseguir a prisão domiciliar em sua casa localizada em um bairro de luxo de Campo Grande (MS), ele novamente recorreu a argumentos que incluem sua saúde, supostamente debilitada. Lançando mão de vários exames e laudos antigos e de uma avaliação de prontuário do médico urologista Jamal Salem, ele tenta novamente ser colocado em prisão domiciliar.
Uma tentativa semelhante, sem nenhum sucesso, foi feita tanto nas varas criminais, onde tem processos, quanto no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul e Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília (DF). Investigado e processado sob suspeita de chefiar organização criminosa apontada como responsável por vários crimes ocorridos em Mato Grosso do Sul, principalmente pistolagem por meio de uma milícia armada, Jamil Name está em cela de isolamento (regime disciplinar diferenciado) em Mossoró.
Em situação igual está o filho dele, Jamil Name Filho, mais conhecido como “Jamilzinho”, e os policiais civis Vladenilson Olmedo e Márcio Cavalcanti, enquanto os outros suspeitos estão em estabelecimentos prisionais dentro do Estado. Todos eles foram presos preventivamente em 27 de setembro do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Omertà, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros (Garras).
A sua transferência para presídio federal foi realizada após a descoberta de suposto plano para matar o delegado Fábio Peró, do Garras, um dos encarregados das investigações. Jamil Name tem apelado para uma possível prisão domiciliar. Para isso, tem argumentado a existência de problemas de saúde e de mobilidade e a sua defesa tem até sustentado risco de morte.
Para um novo pedido, agora endereçado à 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, que processa possíveis crimes de assassinato com envolvimento dos Name, a defesa chega a citar o princípio da dignidade humana. Na segunda-feira (28), a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça julgou um habeas corpus de Jamil Name, autorizando a unificação dos processos que tramitam contra ele na 4ª Vara Criminal da Capital e que eles sejam enviados para a 1ª Vara Criminal.