A Operação Antivírus, deflagrada no dia 29 de agosto pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e que resultou nas prisões do ex-deputado estadual Ary Rigo e de toda a cúpula do Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) na época, ainda continua dando pano para a manga.
De acordo com denúncia encaminhada ao Blog do Nélio, na segunda-feira (04), um caminhão do Gaeco foi flagrado levando pilhas de processos de uma sala ao lado do Bloco 18 da sede do Detran/MS em Campo Grande (MS). No entanto, o setor de contratos do órgão máximo do trânsito do Estado fica no Bloco 18 e esqueceram de avisar o Gaeco, ou seja, não levaram os documentos certos.
Além disso, o Detran/MS alugou da mãe de uma servidora comissionada do órgão um prédio para armazenar os documentos realmente importantes. Esse imóvel ficaria ao lado do posto de combustíveis localizado em frente ao quartel do CMO (Comando Militar do Oeste), na Capital.
Na prática, a antiga cúpula do Detran/MS, pois a atual tomou posse depois da repercussão da operação, recebeu informações vazadas sobre a ação que o Gaeco iria realizar e retirou todos os documentos comprometedores. No entanto, esse não é a pior parte, pois o Detran tem uma dívida de R$ 6 milhões para ser paga de imediato sob pena de parar todo o sistema de emissão de CNHs.
A fonte do Blog do Nélio foi informada que até as viagens da banca examinadora de CNH está para desde a semana passada por não ter diárias. As unidades do interior não estão tendo provas para tirar novas CNHs e a dívida do Detran/MS está batendo na casa dos R$ 80 milhões porque a folha de pagamento do Estado não sai se o Detran não deposita.
Ou seja, a Operação Antivírus do Gaeco pode ter vazado assim como tantas outras. Mesmo assim, a operação cumpriu 29 mandados de busca e apreensão e mais nove de prisão preventiva e três de prisão temporária expedidos pelo juiz Mário José Esbalqueiro Júnior, da comarca de Campo Grande.
A investigação também coletou documentos, computadores e celulares dos suspeitos e eventuais comparsas da suposta organização criminosa dedicada à prática de crimes de corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, peculato e lavagem de dinheiro.
A Operação Antivírus apura contratos da área de tecnologia da informação com o Poder Público Estadual celebrados desde 2015. Na nova fase dos trabalhos do Gaeco é previsto a verificação do material apreendido e oitiva com os potenciais envolvidos no caso. Foram presos em caráter temporário, de acordo com o balanço do MPE-MS, o ex-deputado estadual, Ary Rigo, e o sócio proprietário da Digitho, empresa de nome fantasia Digix. O parlamentar por quatro mandatos na Assembleia seria um facilitador da empresa de Jonas Schimidt das Neves em concorrências por contratos com o Poder Público. Claudinei Mastins Rômulo, secretário da Digitho foi o terceiro detido em prisão temporária na Antivírus.
Já no que diz respeito às prisões preventivas, os agentes efetuaram a condução coercitiva do diretor presidente do Detran-MS, Gerson Claro, e dos sócios da Pirâmide Informática, José do Patrocínio Filho, Fernando Roger Daga e Anderson da Silva Campos. Utilizando do recurso da dispensa de licitação, a autarquia sob o comando de Gerson Claro contratou a empresa para prestar o serviço de registro de documentos. O vínculo teria uma previsão de repasse de R$ 7,4 milhões dos cofres do Governo do Estado, para um escritório onde a contratada divide espaço com um pequeno escritório de contabilidade.
Completam a lista dos que foram presos preventivamente pelo Gaeco, Erico Mendonça, Celso Braz de Oliveira Santos e Gerson Tomi, servidores do Detran-MS, onde ocupam respectivamente os cargos de Diretor-Presidente, Diretor-Adjunto, Chefe de Departamento, Diretor de Administração e Finanças e Diretor de Tecnologia.
Foram ao todo 20 locais alvo dos 29 mandados de busca e apreensão. O grupo de atuação especial do MPE-MS fez o recolhimento de provas em residências dos investigados, no Detran-MS, na produtora de vídeos que atende o Executivo de Mato Grosso do Sul e trabalhou em campanhas do PSDB, a Casa Brasil, as empresas de T.I, Digitho, Pirâmide, Master Case Digital Business, na Secretaria de Estado de Governo e no gabinete de Parajara Moraes Alves Júnior, lotado no Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.
Mas será que o nobre presidente do Tribunal de Contas, Waldir Neves, não sabia de nada? Veremos. O funcionário da corte de contas, e que é investigado na Antivírus, é sócio de três empresas que oficialmente possuem juntas um capital social de R$ 20 mil. Defesa de direitos sociais, contabilidade e assessoria rural são algumas das demandas que Parajara oferece à sociedade além de ser funcionário público.
Um dos microempreendimentos dele, atende, no entanto, soluções para a reparação de documentos e serviços especializados de apoio administrativo não especificados, expertise da área de Processamento de Dados.