Há mais de 4 meses preso, Ronaldinho leva à vida em hotel histórico e quadra de futebol improvisada

Preso desde o dia 4 de março no Paraguai junto com o irmão Roberto Assis sob a acusação de uso de documentos falsos, o ex-jogador de futebol brasileiro Ronaldinho Gaúcho já sabe o seu “rolê aleatório” no país vizinho está durando mais do que ele imaginava.

Abrigados na suíte presidencial do Hotel Palmaroga, uma espécie de “fortaleza” construída há 119 anos no centro histórico de Assunção, capital do Paraguai, o ex-craque da Seleção Brasileira e do Barcelona e o irmão estão presos em regime domiciliar desde o início de abril.

O hotel, que já sediou a Prefeitura de Assunção e o Palácio da Justiça, foi fechado exclusivamente para Ronaldinho e Assis, e conta com estrutura de piscina, academia e bar rooftop. Sem quadra de futebol, uma sala foi improvisada para o ex-jogador dar embaixadinhas e treinar com bola.

Não se sabe até quando vai durar essa mordomia, já que o estabelecimento abriu reservas para hóspedes a partir do dia 24 de agosto. A suíte premium custa em torno de US$ 350,00 por dia, mas isso é uma pechincha se comparada à fiança que a dupla pagou para sair da cadeia – US$ 1,6 milhão.

Se os irmãos levam uma vida relativamente tranquila no hotel, a batalha na Justiça paraguaia está dura – no último dia 11, a dupla teve mais um pedido de soltura negado. Apesar das suspeitas iniciais de esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, o que a promotoria tem de mais concreto até agora é apenas o uso de passaporte falso.

Ronaldinho e Assis alegam que foram pegos de surpresa com o documento irregular, mas a promotoria insiste que eles sabiam da ilegalidade. Também não ajuda a situação dos irmãos o sumiço da empresária paraguaia Dalia López, responsável por trazê-los ao Paraguai a pretexto de um evento beneficente. Ela continua foragida desde março.

Há especulação no meio de jurídico de que manter a dupla presa seria uma forma de pressioná-la a se entregar. Para complicar ainda mais o caso, a pandemia de Covid-19 gerou mais morosidade ao funcionamento dos tribunais no Paraguai. O país tem adotado medidas mais restritivas de isolamento do que o Brasil.

Em junho, um morador da região filmou Ronaldinho na varanda do hotel, que acenou de volta com o tradicional gesto de “hang loose”. Enquanto continua preso, o ex-craque de futebol continua sendo tema constante dos debates esportivos ao redor do mundo. Nos últimos meses, a imprensa argentina publicou que Maradona queria levá-lo de volta aos gramados para jogar pelo Gimnasia Esgrima, time do qual é treinador.

O ex-presidente do Barcelona, Sandro Rossell, encheu o ex-jogador de elogios, dizendo que ele foi “igual ou melhor” do que Lionel Messi. Nesse meio tempo, Ronaldinho concedeu apenas duas entrevistas – uma para o jornal paraguaio ABC Color e outra para jornal espanhol Mundo Deportivo. Na primeira delas, afirmou que a experiência tem sido “dura” e que nunca imaginou que “fosse passar por uma situação assim”.