O empresário Jamil Name, 80 anos, que controla o “jogo do bicho” no Estado e está preso desde o dia 27 de setembro por chefiar um grupo de extermínio em Campo Grande (MS), foi denunciado pela 3ª vez pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e agora a acusação é por obstrução de investigação e por impedir a delação premiada do guarda municipal Marcelo Rios, preso em maio deste ano com um arsenal de armas de grosso calibre.
Além de Jamil Name, o Gaeco também denunciou, pelos mesmos crimes, o filho dele, Jamil Name Filho, 42 anos, e outras sete pessoas, incluindo quatro guardas municipais e um advogado. De acordo com o Gaeco, o guarda municipal Marcelo Rios estava disposto a colaborar com a Justiça, dando informações sobre todos os envolvidos num suposto grupo de extermínio.
Ele tentou fazer delação premiada em troca da proteção à esposa e aos filhos menores, mas teria sido impedido pelo advogado de defesa Alexandre Gonçalves Franzoloso, contratado pela família Name. Para a Polícia, a atuação do advogado era voltada a proteger o líder da organização criminosa, no caso, Jamil Name.
No dia 7 de agosto, Eliane Benitez (esposa de Rios) foi à sede do Gaeco para dizer que o marido tinha interesse em fazer acordo de delação premiada. Conforme ata de reunião, ela teria dito aos procuradores, na ocasião, que “isso somente não está sendo possível” pois o “advogado Alexandre Franzoloso o está impedindo […], porque ele é o advogado da organização criminosa”.
Franzoloso, desde o início usou da condição de advogado para atrapalhar as investigações envolvendo a milícia de altíssima periculosidade e para proteger os chefes da organização criminosa, os quais foram as pessoas que lhe contrataram e pagavam seus honorários. Por conta disso, o guarda preso decidiu procurar a Defensoria Pública.
Na denúncia dos promotores – Gerson Eduardo de Araujo, Marcos Roberto Dietz, Thalys Franklyn e Tiago Di Giulio Freire –, o advogado, ouvido no dia 3 de outubro, admitiu ter ido três vezes à casa de Name, enquanto as investigações aconteciam, provando a sua relação com os chefes da organização.
O Gaeco também denunciou, além de Franzoloso, Jamil e Name Filho, mais seis pessoas por participação no grupo de extermínio e, ainda, por tentar obstruir as investigações. Flávio Narciso, Rafael Antunes Vieira, Robert Kopetski, Vladenilson Olmedo – o Vlad –, Marcio Cavalcanti da Silva e Rafael Carmo Peixoto agiram contra Eliane para que ela não “delatasse” a organização após a prisão de Rios, que estava com o arsenal usado nas execuções de Ilson Figueiredo (2018), Orlando da Silva Fernandes, (2018) e Matheus Coutinho Xavier (2019).