Há 195 dias foragido, Fahd Jamil tinha até PF infiltrado para se proteger sabotando operações

Foragido desde o dia 18 de junho deste ano, ou seja, há exatos 195 dias completos nesta quarta-feira (30) sob a acusação de chefiar organização criminosa, o empresário ponta-poranense Fahd Jamil, 79 anos, mais conhecido como “Rei da Fronteira”, contava até com um policial federal infiltrado para protegê-lo de qualquer ação da Justiça contra ele.

Trata-se do policial federal Everaldo Monteiro de Assis, 61 anos, que é acusado pela “Operação Omertà” de montar estrutura paralela para proteger organização criminosa chefiada por Fahd Jamil. De acordo com o site Campo Grande News, o agente federal tinha experiência na fronteira e era consultor informal de autoridades.

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) aponta que Everaldo de Assis abastecia o grupo do “Rei da Fronteira” com dados sigilosos e também direcionava investigações para minar concorrentes. Ele não participava diretamente das ações, mas era bastante consultado por colegas e autoridades.

Como no caso de um promotor de Justiça de São Paulo para quem repassou dados sobre rival de Flávio Jamil Georges, filho de Fahd Jamil e que também está foragido desde o dia 18 de junho deste ano. O policial federal tem muita experiência na fronteira com o Paraguai, motivo pelo qual alguns colegas da PF e outras autoridades o procuravam para obter entendimento sobre a situação do crime organizado na região.

No entanto, Everaldo de Assis é suspeito de atuar para tirar a família de Fahd Jamil do foco dos agentes de segurança pública, que suspeitavam das atividades criminosas deles na região fronteiriça. A relação de amizade entre o policial federal, que foi afastado da PF, e Flávio Georges é detalhada na terceira fase da “Operação Omertà”.

A apreensão do aparelho de telefone do agente de segurança pública revelou, além de conversas frequentes em tom de proximidade, encontros com registro fotográfico. Um deles ocorreu no Hotel Guarani, em Pedro Juan Caballero, de propriedade da família de Fahd Jamil. A Promotoria de Justiça denuncia que a estrutura paralela criada pelo agente federal até corrompia funcionários de empresas de telefonia para rastrear pessoas de interesse do grupo.

Os dossiês eram montados a partir de extratos telefônicos, dados cadastrais e de consultar às ERBs (Estações Rádio-Base), que mostram a localização dos celulares. “Em que pese não estar na atividade investigativa da instituição, utiliza-se constantemente de operações da Polícia Federal em andamento para pedir extratos, localização da ERB, dados cadastrais e telefônicos dos alvos que porventura estejam no radar da orcrim [organização criminosa] que presta assessoria”, informa a investigação.

Em um diálogo com Flávio Georges, o policial federal conta que jogou “171” em um colega que assumiu cargo no Ministério da Justiça e que “isso pode ajudar a gente”. Em outra conversa, prometeu se informar sobre a duração da “Operação Ágata”, ação das Forças Armadas já tradicional nas fronteiras de Mato Grosso do Sul.

Flávio queria a informação porque ia levar o pai com escolta armada até aeroporto. “Eu fico preocupado de levar os meninos, né? Senão… Será que você não dá uma perguntada aí e me avisa? Se vai, se tem mesmo essa operação ainda e se vai até quando?”, questionou o filho de Fahd.

Everaldo de Assis está preso desde a primeira fase da “Operação Omertà”, realizada no dia 27 de setembro de 2019. Para mantê-lo na prisão, o Gaeco aponta sua alta periculosidade. Já a defesa afirma que tamanho perigo é “pura fantasia do Ministério Público”. Com informações do site Campo Grande News