Se já não bastassem os nossos, agora a Justiça do Paraguai mandou para o Brasil os presos para lotarem ainda mais as cadeias por aqui. Isso porque sentença do juiz paraguaio Lici Sánchez ordenou que os cinco brasileiros responsáveis pela tentativa de resgate do narcotraficante Marcelo Pinheiro Veiga, mais conhecido como Marcelo Piloto, cumpram pena no Brasil.
Na prática, essa pode ser a primeira de outras medidas semelhantes destinadas a aliviar a superlotação das prisões do Paraguai. Atualmente, a Justiça paraguaia aguarda a aceitação da Justiça brasileira para ordenar a remissão da condenada Marisa de Souza Penna – namorada do líder do Comando Vermelho, Marcelo Piloto -, Thiago Lucas Gonçalves, Juarez Ítalo Paiva Neto, Wanderson Ferreira de Paula Silva e Alan Neves da Conceição.
Todos foram condenados a cinco anos de prisão pela produção de riscos comuns, redução e associação criminosa, pena que deve ser cumprida em seu país de origem. Na ocasião, o magistrado também condenou o paraguaio Luis Roberto Gómez Gaona a dois anos de prisão e concedeu à advogada Giselle Gutiérrez Núñez a suspensão condicional do procedimento.
A sentença proferida na semana passada está relacionada ao plano frustrado de resgatar o líder do Comando Vermelho, Marcelo Pinheiro Veiga, também conhecido como Marcelo Piloto, da Associação Especializada. Os estrangeiros agora condenados foram detidos por agentes antidrogas em 4 de outubro do ano passado, em um ataque a uma casa no Bairro de San Vicente.
Na referida propriedade foi encontrado um arsenal composto por sete fuzis de ataque de grosso calibre, um lote de 17 armas, mais de 20 rádios, coletes à prova de balas, bala-clavas, centenas de cartuchos de calibre diferente e um saco cheio de “miguelito”.
A transferência de presos estrangeiros para seus respectivos países para cumprimento de suas penas é uma questão que está na agenda do Ministério da Justiça desde meados de 2016, quando foi realizada uma reunião com os cônsules do Brasil, Argentina, Bolívia e Colômbia.
Após o crime bárbaro cometido por Marcelo Piloto no Grupo Especializado em novembro de 2018, as autoridades nacionais procederam à expulsão do piloto e de outros brasileiros, desconsiderando os processos de extradição em andamento. A preocupação das autoridades nacionais aumentou após os recentes tumultos na prisão de San Pedro e o crescente “recrutamento” de detentos por líderes de facções criminosas brasileiras, como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC), prisioneiros em nosso país.
Atualmente, há um total de 600 estrangeiros presos em diferentes centros de detenção no Paraguai. A classificação por nacionalidade fornecida pelo Sistema Penitenciário de Informação do Paraguai (SIPPy), dá o seguinte detalhe: Brasil, 400 presos; Argentina, 140; Colômbia, 30; Bolívia, 14; Peru, 11; Chile, 10; Uruguai, 10; Venezuela, 8. Além disso, México e Líbano, 5 cada; Alemanha e Portugal, 4; Itália, Holanda, Turquia e Romênia, 3; Espanha e Congo 2; e com um interno por país Cuba, Lituânia, Israel, Líbia, Índia, Bahamas, Rússia, República Dominicana, Eslováquia, Bangladesh, Nigéria, Croácia, Angola, Ucrânia, Suriname, Polinésia Francesa, Coréia do Sul, França, Letônia, Comores, Guiana, Camarões, Belize e Equador.