Governo cede secretário para Marquito. Será que vai devolver quase 100 mil que recebeu sem trabalhar?

O Governo do Estado publicou no Diário Oficial a cedência do servidor Marcelo Luiz Brandão Vilela, atual secretário municipal de Saúde de Campo Grande e que pertence ao Quadro Permanente de Pessoal de Mato Grosso do Sul, lotados na Fundação Serviços de Saúde, à disposição da Prefeitura da Capital com ônus para a origem.

Na prática, caro leitor, o Governo deixa bem claro que não está mais pagando o salário mensal de R$ 22,6 mil ao secretário municipal de Saúde, Marcelo Luiz Brandão Vilela, que recebia se trabalhar desde janeiro no Hospital Regional Rosa Pedrossian, que é mantido pelo Estado.

Pelo Decreto, Marcelo Luiz Brandão Vilela está cedido à Prefeitura de Campo Grande desde 1º de janeiro deste ano, mas não explica porque o médico recebeu por quatro meses salário do Governo do Estado, já que não trabalhou por todo esse período no HR.

Será que o nobre secretário fará a devolução aos cofres públicos dos salários recebidos ao longo desse período? O Blog do Nélio recebeu a informação de que essa hipótese nem passa pela cabeça do médico, que já fez bom uso dos quase R$ 100 mil acumulados nos quatro meses em que recebeu sem trabalhar.

 Entenda o caso

O secretário acumulou três salários no mês de março, que lhe renderam R$ 51.400,77. Além de receber 151,8% acima do teto, ele recebeu R$ 22,6 mil sem trabalhar no Hospital Regional. O valor pago a ele como “fantasma” é nove vezes maior que o salário base do médico na rede municipal de saúde na Capital.

O blog do Jacaré apurou que Marcelo Brandão tem três vínculos empregatícios. Para ocupar o cargo de secretário municipal de Saúde, a Prefeitura lhe pagou R$ 24.401,37 no mês de março deste ano, sendo R$ 16,2 mil referente a remuneração retroativa e R$ 8,1 mil como indenizações temporárias.

Só neste item, ele já acumulou salário superior ao pago ao prefeito Marquito Trad (PSD), que recebe R$ 20,4 mil por mês – quantia usada como parâmetro para definir o teto do funcionalismo público municipal. Ao contrário dos demais funcionários, ele não teve nenhum centavo retido por ter ultrapassado o teto.

Apesar do cargo de secretário exigir dedicação integral em decorrência de a pasta ser a mais complexa e problemática, ele encontra tempo para manter o vínculo de professor com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Em março, ele teve remuneração de R$ 4.371,54.

Por meio da assessoria, ele explicou que recebe para atender duas vezes por semana no Hospital Universitário, onde também realiza cirurgias e é o responsável pela preceptoria de médicos residentes. O terceiro salário é pago pelo Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian, onde o secretário admitiu que não trabalha desde que assumiu a Secretaria Municipal de Saúde em 1º de janeiro.

Apesar de não cumprir nenhuma hora no estabelecimento hospitalar, ele recebeu R$ 22.627,86 – a soma de R$ 17.222,36 de remuneração e mais gratificação de R$ 5.405,50 – em março deste ano, conforme o Portal da Transparência do Governo Estadual.

O valor pago a Marcelo Brandão sem trabalhar representa 8,99 vezes o salário base, de R$ 2.516,72, pago atualmente aos médicos que trabalham nos postos de saúde de Campo Grande.

Por meio da assessoria de imprensa, o secretário tentou justificar o pagamento de R$ 24 mil em março. Explicou que não recebeu o salário de R$ 11.619,70 pago a quem ocupa o cargo de secretário municipal. Em janeiro e fevereiro, ele recebeu “apenas R$ 5 mil”. Sobre o fato de manter o vínculo como médico do HU, Brandão ressaltou que o cargo de secretário não exige dedicação exclusiva.

Já sobre o salário pago pelo HR, onde admitiu não desempenhar a função desde que foi cedido com ônus para a prefeitura, ele responsabilizou a burocracia pelo pagamento, porque a cedência foi publicada com atraso.