O delegado Fernando Araujo da Cruz Júnior, titular da Deaji (Delegacia de Atendimento a Infância, Juventude e do Idoso) de Corumbá, a 444 quilômetros de Campo Grande, foi preso na manhã com apoio do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) por integrantes da Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
A prisão estaria ligada à investigação do assassinato do boliviano Alfredo Rangel Weber, 48 anos, que teria sido fuzilado dentro de uma ambulância no dia 23 de fevereiro quando o homem já havia sido esfaqueado por Fernando e estava sendo conduzido para o hospital.
O delegado, titular da DAIJI (Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e do Idoso), foi preso na casa onde vivia com a família, localizada no cruzamento das ruas Dom Aquino e 15 de Novembro, no Centro. Lá, também foram apreendidos vários objetos. Além de Fernando, uma mulher foi detida no local e colocada na viatura durante cumprimento de mandado de busca e apreensão. Ela ainda tentou fugir, de acordo com o site Diário Corumbaense.
Em outro imóvel, no cruzamento das ruas Cabral com a Firmo de Matos, a equipe fez busca e apreensão. O morador da residência, também policial civil, foi levado para prestar depoimento, depois que foram realizadas buscas no imóvel e também no comércio dele, que fica em frente à casa. O nome dele ainda não foi divulgado. A ação foi deflagrada pela Corregedoria da Polícia Civil com apoio da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) e do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros).
Crime – Segundo as investigações, o delegado não foi apenas o autor dos disparos que mataram Alfredo dentro da ambulância, mas também foi o responsável pelas facadas horas antes. A história começou durante às eleições para presidente da associação de agropecuaristas na Bolívia, onde o sogro de Fernando, Asis Aguilera Petzold (o atual prefeito da cidade de El Carmen), concorria ao cargo.
Alfredo, que apesar do envolvimento com o narcotráfico, é conhecido como pecuarista na região, participou das eleições e foi para a festa de um amigo. No entanto, ao fim do dia, voltou ao local em que as votações aconteciam. Lá, encontrou a esposa de Fernando e a filha de Assis, Sílvia Aguilera, 31 anos. Conforme as investigações, a mulher já foi casada com Odacir Santos Corrêa, ex-sócio de Alfredo, preso pela Policia Federal durante a Operação Nevada, em 2016.
Ao ver a mulher, Assis teria cobrado dívidas do ex-marido e ameaçado os filhos dela de morte. Os dois discutiram e a confusão foi separada por Assis, que ao lado de Fernando, sentou-se em uma mesa para conversar com Alfredo. Se aproveitando do momento, o delegado teria levantado, se armado com uma faca e desferido pelo menos três golpes nas costas de Alfredo. O homem foi levado para um hospital local, mas devido a gravidade transferido para Corumbá.
A ambulância, então, saiu da cidade boliviana em sentido a fronteira brasileira. Já em território sul-mato-grossense foi fechada por uma caminhonete preta, cabine simples. O motorista desceu do veículo, foi até a ambulância, abriu a porta e atirou quatro vezes. Três tiros atingiram a cabeça da vítima, um deles o tórax. Sem ter o que fazer, o motorista voltou com o corpo para o país vizinho. Principal suspeito do crime na Bolívia, Fernando também se tornou alvo da polícia brasileira.
Detalhes como o veículo usado pelo pistoleiro, do mesmo modelo do carro de Fernando, e até a arma, foram ligando as investigações ao delegado. Ele chegou a ser ouvido, mas afirmou ter entregue sua caminhonete numa dívida e que não se lembrava o nome da própria esposa.
Coação – Durante as investigação o motorista e o médico da ambulância também foram ouvidos. Um deles, no entanto, Sílvio Monteiro, se tornou alvo de falsas denúncias de sequestro. Convidado para prestar depoimento, Sílvio, que no dia dirigia a ambulância, levou a polícia uma carta narrando o que havia acontecido no dia do crime. No entanto, na noite do mesmo dia, voltou à delegacia pedindo para modificar o texto.
Sem ter como fazer isso, pediu para fazer um boletim de ocorrência de preservação. O caso foi registrado e no dia seguinte a defensoria pública de Puerto Suárez denunciou a Polícia Federal de Corumbá pelo sequestro de Sílvio, que nunca aconteceu. A polícia, no entanto, encontrou ligações entre o motorista e a esposa de Fernando, o que leva a acreditar que toda a situação foi montada para despistar e atrapalhar as investigações que incriminavam o delegado. Nesta manhã (29), equipes da Polícia Civil deixaram Campo Grande para cumprir mandado de prisão contra o delegado.
Na casa do delegado foram apreendidos vários materiais. Além dele, um policial civil também foi preso pelos colegas durante a operação. Informações de policiais que integram outras forças de segurança e atuam na cidade são de que o nome do delegado foi citado durante as investigações da morte do boliviano. A polícia ainda não detalhou os motivos da prisão.
Delegado polêmico
Em 2016, durante a campanha eleitoral para prefeito de Corumbá, o delegado atendeu um suposto crime eleitoral que envolveria o então prefeito e candidato, Paulo Duarte, que disputou pelo PDT.
O caso foi conduzido por Fernando Araújo da Cruz que na época era titular da delegacia da cidade vizinha de Ladário quando atendeu uma ocorrência de apreensão de veículos e dinheiro.
Durante a entrevista coletiva para a imprensa criou-se um impasse…. veja o vídeo e a matéria de um site da cidade ocorrida à época.
“Talvez seja o período eleitoral e a falta de ética de alguns veículos de comunicação”. Essa afirmação do delegado Fernando Araújo da Cruz Júnior, titular da Delegacia de Polícia Civil de Ladário, mostra a dimensão que a abordagem a dois carros contendo “santinhos eleitorais” ganhou nesta terça-feira, 13 de setembro. A ação aconteceu após os policiais terem recebido a informação que um veículo estava portando material irregular de campanha.
Durante a entrevista coletiva, o delegado se disse surpreso com questionamentos feitos a ele antes de iniciar uma apuração mais detalhada. “Primeiro me causa indignação. Segundo, há muita coisa para descobrir ainda, como por que a informação me chegou de forma parcial, apenas um carro, e eram dois. Por que antes mesmo de verificar o carro já estavam me perguntando, aqui na porta da Delegacia, sobre dinheiro, sobre material irregular, quando eu não tinha feito nenhuma manifestação. Por que um veículo de comunicação divulga uma informação rica em detalhes sem que eu sequer tivesse falado uma palavra?”, questionou o titular do DP ladarense ao se referir à divulgação de site de notícias de Campo Grande, que R$ 27,5 mil tinham sido apreendidos com assessores do prefeito de Corumbá, Paulo Duarte, candidato à reeleição.
O delegado explicou que a Polícia Civil recebeu, na noite de segunda-feira (12) a informação que um carro continha material irregular de campanha eleitoral. O veículo foi abordado na rodovia BR-262, nas proximidades do posto do Lampião Aceso. “Abordamos esse veículo, fomos surpreendidos por ele estar na companhia de outro, informação essa que não haviam nos repassado. Foram conduzidos até esta Delegacia, para as averiguações devidas. Me causou surpresa quando ao chegar, já havia um veículo de comunicação e antes mesmo de eu verificar o caso, me questionando sobre dinheiro apreendido, material ilícito. Procedemos as buscas e não foi encontrada a questão do dinheiro. Existiam santinhos, a irregularidade estaria na não apresentação da nota fiscal e quando foram apresentadas, diferentes do que um determinado veículo de comunicação divulgou, os valores eram completamente diferentes, o que falta é verificar somente a quantidade”, explicou. Os carros retidos foram um Toyota SW4, de propriedade de Paulo Duarte, e um Gol. Três pessoas, ocupantes dos veículos, foram levadas para a Delegacia para esclarecimentos e liberadas.
Fernando Araújo disse que os dois carros foram “retidos para verificar a quantidade correta de santinhos”. Nos dois carros, os policiais encontraram santinhos – em duas caixas, segundo o delegado –, além de “documentos pessoais, contas de água e luz das pessoas que dirigiam, os Certificados de Registro e Licenciamento de Veículo (CLRVs) dos carros e de outros dois veículos, o que em tese não configura nenhuma infração, revistas e jornais”.
De acordo com o delegado a irregularidade “estaria na questão do transporte sem a nota emitida pela empresa que produziu”, mas ele informou que as notas “foram apresentadas” e agora a Polícia verifica exatamente “a questão da quantidade” de panfletos políticos. A autenticidade das notas apresentadas foi confirmada pela Polícia. São documentos fiscais nos valores de R$ 135 e R$ 4.995 referentes às produções de materiais em Corumbá e Campo Grande. A Polícia segue conferindo a quantidade dos “santinhos” e após toda a verificação, os carros serão liberados.
“É possível que tenham nos mantido em erro propositalmente”, acrescentou o titular da Delegacia de Ladário ao comentar sobre a informação repassada à polícia de suposta irregularidade eleitoral. Fonte: Diário Corumbaense.