Gaeco prende ex-responsável por recolher apostas do jogo do bicho para a família Name

Durante a “Operação Forasteiros”, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na última quinta-feira (26), foi preso Anderson Alves Camposano, o ex-responsável por fazer o recolhimento das apostas do jogo do bicho para a família Name em Campo Grande (MS).

Ele acabou sendo detido em flagrante porque estava de posse de munições calibre 38 sem comprovação de compra. Para deixar a cadeia, Anderson Camposano teve de pagar fiança no valor de R$ 10 mil.

De acordo com o boletim de ocorrência, ele foi localizado em imóvel na Rua Capitão Rebouças, Bairro Portal Caiobá, por volta das 6h de quinta-feira. Na ocasião, equipe do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) cumpria ordem judicial de busca e apreensão.

Anderson Camposano estava no local sozinho e duas testemunhas foram chamadas para acompanhar os policiais militares na vistoria do imóvel. Em uma das gavetas de uma cômoda foram encontradas oito munições calibre 38 intactas, que ele afirmou ter comprado há aproximadamente quatro meses de um desconhecido por R$ 25,00.

A equipe continuou as buscas e não encontrou nenhum revólver na casa e ele recebeu voz de prisão pela posse do material. Ao delegado Thiago Lucena e Silva, titular da Deccor (Delegacia Especializada de Combate à Corrupção), ele contou que mora na casa sozinho e trabalha atualmente como motorista de aplicativo com renda mensal entre R$ 2 mil e R$ 3 mil e que comprou as munições “por comprar mesmo” e que não teria nenhuma arma de fogo.

Não foram encontradas passagens criminais em nome de Anderson Camposano e o delegado arbitrou fiança de R$ 10 mil para que ele respondesse o processo em liberdade, sendo o valor pago no mesmo dia.

No passado, ele entrou com processo trabalhista contra a Name Consultoria e Assessoria Empresarial Eireli-ME e contra a família Name alegando que trabalhou com os acusados como “recolhedor” de 5 de março de 2015 até 2 de dezembro de 2020, quando a empresa foi fechada.

São chamados de “recolhe” ou “recolhedor” os responsáveis por passar pelos pontos de apostas do jogo do bicho ou outros jogos de azar para pegar o dinheiro arrecadado e levar ao destinatário final. Na ação, Anderson Camposano pediu o reconhecimento do vínculo de emprego.

Além disso, pediu que Jamil Name, que morreu por Covid-19, Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, que está cumprindo pena, e o deputado estadual Jamilson Name (PSDB) fossem condenados a anotar o contrato de trabalho na carteira profissional dele e a pagar verbas rescisórias, feriados trabalhados, adicional de periculosidade por uso de motocicleta e indenização por dano moral.

Os réus negaram, em audiência, qualquer tipo de prestação de serviços de Anderson Camposano. Em depoimento, ele confessou que foi contratado e se dirigia a uma pessoa de nome “Agostinho”, que também pagava os valores das comissões pelas vendas de cartelas.

Testemunhas ouvidas confirmaram que ele não tinha nenhuma relação de emprego com a empresa e com os acusados, mas ratificaram a relação com o “Agostinho” – que seria gerente dos Name – para venda de cartelas do Pantanal Cap, título de capitalização.

Outras duas testemunhas, porém, afirmaram em depoimento que “Agostinho” era apenas cliente dos Name e buscava cerca de cinco mil cartelas do Pantanal Cap por semana no escritório, pagamento às vezes na hora e outras vezes por meio de consignação – pagando só que o vendeu depois.

Com isso, os desembargadores da 1ª Vara do Trabalho de Campo Grande entenderam não existir vínculo empregatício entre Anderson Camposano e os Name e o processo foi arquivado definitivamente em março do ano passado.