Uma das ‘superministras’ de Jair Bolsonaro, a deputada federal de Mato Grosso do Sul Tereza Cristina tem mais uma grande missão pela frente. Ela pode ajudar o presidente eleito a evitar um erro: colocar um nome condenado na Justiça em cargo estratégico do futuro governo. Isso não é uma possibilidade, é um dever de Tereza Cristina!
O nome em questão é de Ricardo Salles, indicado ao cargo de futuro ministro do Meio Ambiente. Ele foi condenado pela Justiça paulista por alterar mapas e áreas protegidas por lei a fim de beneficiar empresas privadas de mineração, quando ele era secretário de Meio Ambiente do governo de Geraldo Alckmin (PSDB).
A indicação do advogado Ricardo Salles, ex-secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo, ao cargo de ministro do Meio Ambiente no Governo do presidente eleito Jair Bolsonaro pode receber uma pá de cal nas próximas horas.
Isso porque, depois que foi denunciado pelo MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo, que pede sua condenação ao pagamento de R$ 70 milhões por prática de atos de improbidade administrativa, a futura ministra de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, deputada federal Tereza Cristina (DEM/MS), defende o seu veto e até ameaça vir a público caso ele seja nomeado.
As razões são óbvias e a condenação de Sales é tida como certa. Isso pouparia o desgaste do Governo que nomeando Sales teria que trocá-lo ainda no começo da nova administração.
A denúncia
O site da Revista Globo Rural trouxe, nesta terça-feira (04), que, cotado para assumir o Ministério do Meio Ambiente no governo de Bolsonaro, o advogado Ricardo Salles, foi denunciado pelo MPE de São Paulo. Conforme a denúncia, o ex-secretário teria adulterado mapas para a aprovação de projetos “com a clara intenção de beneficiar setores econômicos, notadamente a mineração, e algumas empresas ligadas à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).”
A ação diz respeito ás investigações sobre alteração de vários mapas de zoneamento do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, criada em 1987, com 7.400 hectares, abrangendo doze municípios da região metropolitana de São Paulo: Salesópolis, Biritiba-Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba, Guarulhos, São Paulo, Osasco, Carapicuíba, Barueri e Santana de Parnaíba.
A denúncia relata que foram modificados mapas elaborados pela Universidade de São Paulo e a própria minuta de decreto do Plano de Manejo da APA. “Alguns funcionários da Fundação Florestal foram pressionados a elaborar mapas que não correspondiam à discussão promovida pelo órgão competente. Posteriormente, alguns funcionários foram perseguidos.”
Outras investigações
Salles também foi investigado pelo MPE por intermediar processos administrativos e outras atividades supostamente ilícitas na Junta Comercial de São Paulo. Conforme o órgão: “nota-se a presença de outros inquéritos instaurados para apurar as práticas criminosas envolvendo a empresa BNE Administração de Imóveis S/A que contratou o advogado Ricardo de Aquino Salles, ex-secretário do meio ambiente da atual gestão executiva para atuar junto a Jucesp facilitando os procedimentos internos em benefício da empresa supracitada.”
Pontuou ainda o Ministério Público: “em tese, caracteriza-se crimes diversos: estelionato, formação de quadrilha, fraude processual, lavagem de capitais, ocultação de bens e outros ainda a serem apurados, o que demonstra o vulto da presente investigação detalhada, ouvindo-se todos os envolvidos e eventuais testemunhas dos fatos.”
O advogado é investigado em dezenas de inquéritos policiais e civis, por supostos atos de improbidade administrativa, fraudes em documentos e em diversos processos, além de intimidações contra as testemunhas.