Fujão, Puccinelli obtém liminar no STJ e escapa de depor na Coffee Break. Por que será?

O ex-governador André Puccinelli (MDB) vestiu a velha carapuça de “amarelão” e recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para fugir de prestar depoimento à Operação Coffee Break. Nesta terça-feira (18), ele e o empresário Carlos Eduardo Naegele, dono do site de notícias Midiamax, abririam os interrogatórios, mas, o italiano obteve uma liminar, às 22h10 de ontem (17), para sentar no banco dos réus.

Ofícios expedidos pelo STJ comunicaram a decisão ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e à 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande.

Com isso, restou ao empresário Carlos Naegele abrir os depoimentos ao juiz David de Oliveira Gomes Filho. Ainda serão ouvidos o ex-presidente da Câmara de Vereadores, Mário César (MDB), e o secretário-adjunto estadual de Governo, Flávio César.

A denúncia contra o ex-governador na Coffee Break foi recebida pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul acatou recurso do emedebista e rejeitou a ação por improbidade, livrando-o da denúncia.

O MPE (Ministério Público Estadual) recorreu e a ministra Assusete Magalhães, do STJ, acatou o pedido e determinou a continuidade da denúncia, ou seja, incluiu o ex-governador no rol dos réus na Coffee Break em 19 de dezembro de 2018. A 2ª Turma do STJ manteve a decisão e Puccinelli ingressou com agravo interno, que está pendente de julgamento pela turma desde outubro de 2019.

A ministra chegou a pautar o julgamento para abril deste ano, mas pediu para adiar a análise do pedido de André Puccinelli. O processo da Operação Coffee Break, que investigou acusados de tramar a cassação do então prefeito de Campo Grande Alcides Bernal (Progressistas) em troca de interesses particulares, tem ao todo quase 18 mil páginas, 21 réus e 64 testemunhas.

Amanhã (19) serão ouvidos os autores do pedido de impeachment, Raimundo Nonato, e o advogado Luiz Pedro Guimarães. O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), será interrogado às 9h do dia 20 de maio. No mesmo dia, no período vespertino, o juiz David de Oliveira interrogará os poderosíssimos empresários João Amorim, dono da Proteco e acusado de ser sócio oculto da Solurb, e João Roberto Baird, o Bill Gates Pantaneiro.

O interrogatório dos réus será encerrado no dia 24 de maio, quando o magistrado agendou o vereador Jamal Mohamad Salem (MDB), e o senador Nelsinho Trad (PSD). O depoimento das testemunhas de acusação ocorrerá de 25 de maio a 1º de junho, enquanto a defesa será ouvida até o dia 21.

Duas testemunhas têm prerrogativa de foro especial e poderão agendar os depoimentos até o dia 22 de junho deste ano, a deputada federal Rose Modesto (PSDB) e o deputado estadual Antônio Vaz (Republicanos). Caso não agendem, eles serão intimados a depor na tarde do dia 22.

Empresários, políticos e vereadores são acusados de articular a cassação de Bernal para atender interesses próprios e escusos e não do povo de Campo Grande. De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), apeado do poder com a vitória do progressista, eles articularam, inclusive com o pagamento de propina de vereadores, o golpe para tirá-lo do cargo de prefeito e reassumir a prefeitura por meio do empresário Gilmar Olarte (sem partido).

Um dos grupos interessados na cassação era a Solurb. Interceptações telefônicas revelam que o empresário João Amorim, que não é dono oficial da empresa, cobrando o pagamento dos repasses da concessionária do lixo. Com informações do site O Jacaré