A suspeita de que a facção criminosa brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital) teria mandado executar o jornalista brasileiro Léo Veras no dia 12 de fevereiro em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), ganha força na fronteira.
Isso porque, conforme o site Campo Grande News, a Polícia do Paraguai teria a informação de que pistoleiros ligados ao narcotraficante brasileiro Sérgio Arruda Quintiliano Neto, mais conhecido como “Minotauro”, que chegou a assumir o controle do PCC na fronteira após a “queda” de Elton Leonel Rumich da Silva, o “Galã”, podem estar ligados à execução do jornalista.
Segundo publicação do jornal paraguaio ABC Color, o promotor de Justiça Marcelo Pecci, porta-voz da equipe de investigação e integrante do grupo que apura o crime organizado, foi questionado se seis pistoleiros foragidos do Presídio Regional de Pedro Juan Caballero, integrantes do PCC e sob o comando de “Minotauro”, estariam ligados a morte do jornalista. Ele limitou-se a dizer que essa é uma das versões sobre os possíveis responsáveis para a execução.
Léo Veras foi assassinado em casa, enquanto jantava com a esposa, o filho e o sogro. Os executores chegaram em Jeep Cherokee branco, estavam encapuzados e armados com pistola calibre 9 mm. O jornalista ainda tentou correr, mas foi ferido com 12 tiros, a maioria nas costas e um na cabeça. “Minotauro” foi preso no dia 4 de fevereiro de 2019 em Balneário Camboriú (SC) e, segundo a Polícia, era uma das lideranças do PCC.
A mando dele, sob a tutela de seu sucessor, Edson Barbosa Salinas, o “Salinas Riguaçu”, teriam sido ordenadas as execuções da advogada argentina Laura Marcela Caruso, no dia 12 de novembro de 2018 e do empresário Chico Gimenez, no dia 17 de janeiro de 2019, ambos, em Pedro Juan Caballero. No total, o grupo seria responsável por mais de 150 mortes na fronteira.
Os pistoleiros que fariam parte da execução de Veras estavam entre os 75 presos que fugiram na madrugada de 19 de janeiro de 2020 do presídio de Pedro Juan. Eles haviam sido detidos em 2019, numa operação desencadeada para desarticular a estrutura criminosa comandada por “Minotauro”.
O narcotraficante é visto como um dos “reis” do tráfico na fronteira e liderança do PCC que despontou no domínio da região depois da morte Jorge Rafaat Toumani. Duas semanas antes de ser preso, em fevereiro, e com pessoas sendo executadas todos os dias em Pedro Juan Caballero, o traficante, com apoio do PCC, tentou retirar da fronteira uma grande carga de cocaína.
Os 940 quilos da droga em um utilitário da BMW foram apreendidos na BR-463. Pistas que surgiram após a apreensão ajudaram a polícia a localizar Minotauro no litoral catarinense. O tráfico movimenta uma fortuna todos os anos no Brasil. Estimativas apontam movimento de R$ 17 bilhões por ano no país.