Faço o que eu digo! Aposentado desde 2017, Juiz Odilon vira advogado de chefão do narcotráfico

Aposentado desde 2017 da Justiça Federal, o ex-juiz federal Odilon de Oliveira, que é pré-candidato a vereador por Campo Grande pelo PP e já foi candidato a governador do Estado, agora é advogado do narcotraficante Hermógenes Aparecido Mendes Filho, 49 anos, apontado como substituto de liderança da facção criminosa CV (Comando Vermelho), na fronteira do Brasil com o Paraguai, em Ponta Porã (MS).

Se durante a ativa ele combatia os narcotraficantes da região de fronteira, agora o Juiz Odilon os defende com unhas e dentes para garantir o pão de cada dia. O ex-magistrado passou a fazer a defesa de Hermógenes Filho, que virou réu após a Operação Sanctus, deflagrada em dezembro de 2023 pela Polícia Federal para desmontar esquema internacional de tráfico de cocaína.

Segundo o site MS em Brasília, em uma década, Hermógenes Filho teve evolução financeira extraordinária, passando de dono de açougue de bairro a empresário de sucesso em Dourados (MS). Há 10 dias, Odilon de Oliveira conseguiu vitória no TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) em favor do seu cliente.

O desembargador federal André Custódio Nekatschalow suspendeu leilão de duas fazendas em Mato Grosso, sítio em Dourados, avião, três caminhões e 2.180 cabeças de gado de corte. Em 2022, o juiz aposentado foi estrela do documentário “Odilon – Réu de si mesmo”, da HBO Max.

Na produção, Odilon relata a trajetória de marcado para morrer e temeroso de ser alvo de vingança pela condenação de narcotraficantes, incluindo Fernandinho Beira-Mar, que está preso, e Jorge Rafaat, que foi executado em Pedro Juan Caballero (PY) com um metralhadora .50, usada para abater helicópteros e tanques de guerra.

Em 2017, a Revista Época divulgou que o PCC (Primeiro Comando da Capital) já chegou a oferecer R$ 1,5 milhão a quem entregasse Odilon morto. Em 2016, o magistrado inspirou o filme “Em Nome da Lei”, interpretado pelo ator Mateus Solano, sobre o enfrentamento do narcotráfico na fronteira.

Atuando em Ponta Porã e ex-titular da 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande, especializada em combate a crime de lavagem de dinheiro, Odilon ganhou projeção após ameaças de morte, condenação de traficantes conhecidos e ter escolta 24 horas da PF.

Sobre o novo papel, agora na defesa de suspeito de assumir rota do narcotráfico do CV, Odilon disse que, quando juiz, seguiu religiosamente as normas da magistratura. Como advogado, pauta-se pelas normas da advocacia. “Advogado não defende o crime, defende a pessoa com base na lei”, argumentou.

Ainda de acordo com ele, o escritório já atende outros casos relacionados a tráfico de drogas, muitos deles fora do Estado. “Na esfera criminal, é muito procurado pela atuação (escritório) durante décadas nessa área, inevitável que pessoas de todo Estado solicitasse”, acrescentou.

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