A Defurv (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Furtos e Roubos de Veículos) desarticulou uma quadrilha que colocava placas falsas em veículos utilizados pelo narcotráfico.
Conforme o delegado de Polícia Civil Guilherme Sarain, titular da Defurv, a quadrilha emplacava automóveis e motocicletas, que, muitas vezes, eram levadas até a fronteira com o Paraguai para serem trocados por drogas.
Na “Operação Placa Fria”, deflagrada na manhã de ontem, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva de acusados de envolvimento no esquema criminoso.
O grupo fabricava as placas falsas em uma empresa conveniada ao Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), localizada no Bairro Monte Líbano, em Campo Grande (MS).
As investigações duraram cerca de nove meses e partiram da prisão de um suspeito em outro inquérito. A ação resultou em quatro prisões, incluindo a do empresário responsável pela estampadora, de 22 anos, que estava em Santa Catarina.
Também foram apreendidos documentos, celulares e 300 quilos de maconha, que reforçaram a ligação da quadrilha com o tráfico de drogas. A atividade acontecia após a aquisição, que era feita por meio de roubo, furto ou compra dos veículos.
Os criminosos então, entravam em contato com a empresa para fabricar, sem autorização do Detran-MS, uma placa da Mercosul, visualmente perfeita, só que com QR Code raspada, para impossibilitar a leitura e o controle.
Com isso rodavam, colocavam a venda e mandavam para a fronteira para realizar o carregamento de drogas para outros estados e municípios. A estimativa é que a empresa tenha fabricado mais de 500 placas falsas em um ano e meio.
As investigações continuam para identificar outros envolvidos, tanto solicitantes de placas quanto possíveis outras empresas fraudulentas. O Detran-MS também será acionado para medidas administrativas contra a empresa envolvida.
“Temos vários suspeitos para serem ouvidos, esse que a gente obteve o mandado de prisão é porque já tinham elementos que indicavam a solicitação mais concreta, não quer dizer que não tenham diversos outros que podemos estar chamando para ouvir”, ressaltou.
O delegado reforçou o alerta na hora de comprar algum veículo para que o indivíduo não caia em golpes. “O mercado de veículos conhecidos como ‘bobs’, que são vendidos em plataformas como Facebook Marketplace, OLX e grupos de WhatsApp, tem crescido bastante”, pontuou.
Ele disse que esses veículos têm restrições administrativas ou judiciais e dívidas que impedem sua regularização. “Como a compra é feita sem a transferência documental pelo Detran-MS, o comprador muitas vezes não faz vistoria e não tem certeza da procedência do carro”, alertou.
Guilherme Sarain revelou ainda que, em diversos casos, esses veículos são adulterados e podem ser fruto de roubo ou furto. “O problema é que, por serem vendidos a preços bem abaixo do mercado, muita gente acaba caindo no golpe sem perceber. Nossa orientação é clara: não compre ‘bob’. Sabemos que a situação financeira pode ser difícil, mas para evitar prejuízo e problemas com a Justiça, o ideal é sempre fazer uma vistoria cautelar antes de fechar negócio”, aconselhou.