Com a decisão proferida na última segunda-feira (30) pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, negando habeas corpus ao empresário Jamil Name, 83 anos, preso desde 27 de setembro de 2019 sob a acusação de chefiar grupo de extermínio em Campo Grande (MS), tem início uma nova fase para a outrora poderosa “Família Name”, que controla o “jogo do bicho” em Mato Grosso do Sul e orgulha-se de ter “amigos” de grande influência no Estado, como autoridades, políticos, magistrados, delegados e socialites.
O futuro da família, leia-se Jamil Name e Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, ambos presos no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, está nas mãos, em tese, do próprio ministro Dias Toffoli (STF), do também ministro do STF, Luiz Fux, que será o relator desse último habeas corpus, e do ministro Rogério Schietti da Cruz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), todos de instância superior.
Já em nível da Justiça de Mato Grosso do Sul os Name vão enfrentar um pelotão de juízes em ações criminais no início deste ano de 2020. O juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, poderá leva-lo a júri popular pela execução do universitário Matheus Coutinho Xavier, 20 anos. O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, ficou encarregado pela ação referente ao arsenal de guerra encontrado em poder do guarda municipal Marcelo Rios, preso em maio deste ano.
A juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal, vai analisar as ações de organização criminosa, milícia privada e cooptação de agentes de segurança pública. Outras duas denúncias são de porte ilegal de arma de fogo e de obstrução de investigação de organização criminosa. O Garras (Delegacia Especializada na Repressão a Assaltos a Banco e Sequestro), do delegado Fábio Peró, e a Força Tarefa da Polícia Civil ainda apuram o envolvimento de Jamil Name e Jamilzinho com outras execuções em Campo Grande, como a do chefe da segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, do ex-segurança do empresário Jorge Rafaat, Orlando da Silva Fernandes, o “Bomba”, do delegado Paulo Magalhães e de Marcelo Colombo, o “Playboy da Mansão”.
O prolongamento da prisão do empresário preocupa os seus familiares, como a esposa, a ex-vereadora Tereza Name, e o filho, o deputado estadual Jamilson Name. O advogado Renê Siufi tem rechaçado as acusações feitas pelo Garras e pelo Gaeco. Ele negou que o empresário tenha articulado a execução do delegado Fábio Peró, um dos principais fatores que o levaram ao isolamento no Presídio Federal do Rio Grande do Norte.
Além disso, ainda tem o trabalho do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), sob o comando da promotora de Justiça Paula Volpe, que já fez das tripas coração para impedir a prisão domiciliar de Jamil Name porque alega que a casa do empresário era o quartel geral da suposta organização criminosa, de onde Name determinava as atividades criminosas. Enfim, esses os ministros, juízes, delegados e promotores de Justiça que vão decidir o futuro dos Name.