Em três dias, de quinta-feira (24) a sábado (26), pistoleiros que atuam na região de fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul executaram seis pessoas. Com essas seis mortes, o número de homicídios cometidos por matadores de aluguel na região de fronteira já está em 132 somente neste ano, sendo 11 em janeiro, 9 em fevereiro, 15 em março, 8 em abril, 9 em maio, 20 em junho, 17 em julho, 12 em agosto, 16 em setembro e 15 em outubro.
As duas últimas execuções foram no sábado (26), sendo que a primeira foi quando pistoleiros, a bordo de uma motocicleta, executam um a tiros, em uma pista de corrida de cavalo, localizada na Colônia San Isidro Lavrador, em Bella Vista Norte (PY), cidade paraguaia que faz fronteira com Mato Grosso do Sul. A vítima foi identificada como o paraguaio Marcial Blanco, 50 anos, e foi morta por volta das 20h30 quando se encontrava em uma área denominada Rua 4.
Investigadores da Divisão de Homicídios e agentes da Polícia Técnica alertados sobre o caso, se deslocaram até o lugar e realizaram os procedimentos de rigor e encaminharam o corpo ao IML da cidade para posterior entrega aos familiares. Já a segunda morte também foi na noite de sábado e a vítima foi identificada como o cearense Francisco Andre Andrade de Freitas, 42 anos, que era beneficiado com o Sistema Aberto Prisional.
Ele foi morto quando transitava a pé pela Rua Vital Brasil, em Ponta Porã (MS), onde foi alcançado pelo pistoleiro, que realizou vários disparos de pistola calibre 9 mm. De acordo com os moradores, ele teria implorado para não ser morto e até conseguiu fugir por uns mil metros já ferido e, durante a fuga, abandonou uma mochila com roupas.
Porém, o pistoleiro seguiu em sua procura pelas ruas do bairro até lhe localizar ao lado do salão paroquial de uma igreja católica, onde teria realizado um disparo na altura da cabeça, que culminou na morte de Francisco de Freitas. Populares alertaram a Polícia Militar que após constatar a veracidade do fato, isolou a área até a chegada dos investigadores e agentes da Polícia Técnica, coordenados pelo delegado Alcides Bruno Braun, da Polícia Civil de Ponta Porã, que realizaram os procedimentos de rigor e encaminharam o corpo ao IML da cidade à espera dos familiares.
As outras mortes
A primeira execução aconteceu na quinta-feira (24), quando pistoleiros executam um a tiros de pistola calibre 9 mm Alexander Michel Robles, 30 anos, na Rua Juan E. O’leary, no Bairro San Blas, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS). Ele foi surpreendido por pistoleiros que transitavam a bordo de uma motocicleta e que sem mediar palavras realizaram vários disparos.
A vítima chegou a correr dos pistoleiros, tentando escapar do ataque, mas foi perseguida até o interior da residência onde recebeu outros tiros. Alexander Robles chegou a ser socorrido e levado até uma clínica particular de Pedro Juan Caballero, porém, já chegou sem vida. Ele era secretário do traficante brasileiro de drogas e armas Levi Felício, que foi preso no dia 14 deste mês no Paraguai e entregue para a Polícia Federal brasileira no dia seguinte.
Mais duas mortes
Na sexta-feira (25), no fim da manhã, por volta das 11 horas, dois homens invadiram uma residência localizada na Rua Pitiantuta, no Bairro San Antonio, também em Pedro Juan Caballero, e executaram Luiz Alberto Giménez, 52 anos, conhecido como “Locote”, e Darío Milcíades Morinigo Acosta, este agente da Polícia Nacional do Paraguai.
Os crimes foram cometidos na frente de crianças, uma delas de apenas 3 anos de idade, que apesar de não ter sido atingida pelos disparos teria ficado suja com o sangue das vítimas. Ainda não há informação sobre a autoria e motivação do duplo assassinato, mas Luiz Eduardo Gimenez Ricardo, filho de Luiz Alberto, também foi morto com pelo menos sete tiros, no mês de agosto, quando chegava em casa.
Familiares relataram à Polícia que Luiz Alberto não recebia ameaças e nem tinha antecedentes criminais, trabalhando com o comércio de compra e venda de veículos. Darío Milciades Morínigo Acosta era 2º oficial da Polícia Nacional e serviu no Departamento de Polícia de Concepción, enquanto Luiz Alberto era advogado e primo do poderoso traficante de drogas Jarvis Chimenes Pavão, atualmente preso no Brasil no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
Quarta execução
Ainda na sexta-feira (25), no período da tarde, foi a vez Emanuel Diaz Gomez, 23 anos, mais conhecido como “Manu”, ser executado, também em Pedro Juan Caballero. Segundo os investigadores da Polícia Nacional, Emanuel transitava pela Rua Juan de Ayolas, no Bairro Virgem de Caacupé, pilotando uma motocicleta, quando foi abordado por desconhecidos e assassinado com mais de 20 disparos de pistola calibre 9 mm.
Informações iniciais dão conta de que a vítima registrava passagem pela Polícia em 2014 por tráfico de drogas e posse de arma de fogo, mas não é descartada a hipótese de acerto de contas. Isso porque Emanuel seria braço direito de Elton Leonel Rumich da Silva, o “Galã”, narcotraficante brasileiro preso no dia 27 de fevereiro no Rio de Janeiro (RJ) e também seria integrante da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).