A força-tarefa, criada para solucionar os crimes de pistolagem em Mato Grosso do Sul e composta por aproximadamente 40 policiais civis, incluiu no seu leque de investigações a execução do proprietário de uma mineradora em Corumbá (MS), Cláudio da Silva Simeão, de 47 anos, que foi morto na madrugada de quinta-feira (15) na Rua Patagônia, Jardim Bela Vista, em Campo Grande (MS).
Segundo informações repassadas ao Blog do Nélio, agora, além de apurar os homicídios do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, de Marcel Costa Hernandes Colombo, conhecido como “Playboy da Mansão”, e de Orlando Silva Fernandes, o “Bomba”, que seria o responsável por entregar a rotina do narcotraficante Jorge Rafaat aos seus executores, também vai atrás dos responsáveis pela morte de Cláudio da Silva Simeão.
O empresário tinha em aberto oito processos de cobranças tramitando no Fórum de Justiça da Capital, que somam aproximadamente R$ 4,5 milhões. Ele era um dos proprietários da Mineração Pirâmide Participações Ltda., de Corumbá. Após ser processado, um de seus três filhos pagou o valor em cheque, porém o documento foi devolvido porque não tinha fundos.
O autor executou o cheque extrajudicialmente e a oficial de Justiça, no dia 9 de outubro de 2018, chegou a ir à casa da vítima, mas sem sucesso, pois, de acordo com a responsável pela entrega, Cláudio fingiu que não estava em casa. “Esta oficial suspeita que ambos estavam na residência e se ocultam deliberadamente para não serem citados”, traz trecho do documento de execução de título.
O empresário foi condenado a pagar a dívida no prazo de três dias. O valor poderia ser parcelado em seis vezes, acrescido de correção monetária pelo índice do IGPMFGV e juros de mora de 1% ao mês. Conforme o processo,
a Justiça tentou penhorar os bens da vítima, mas não encontrou imóveis em seu nome. Na ação, o autor justifica que precisava receber o valor porque é referente à herança que seu falecido pai deixou para sua mãe.
A execução
A execução do empresário ocorreu por volta de 1 hora de quinta-feira (15). A vítima chegava à sua residência, acompanhado do filho, Gabriel Yuri de Moura Simeão, 22 anos, e de uma terceira pessoa, quando foi estacionar a caminhonete e houve a abordagem de bandidos.
A investigação diz que ao menos 12 tiros foram disparados no local, dois atingiram o empresário e ele morreu antes mesmo da chegada do socorro médico. O filho também foi ferido e encaminhado para a Santa Casa.
Conforme o depoimento de testemunhas, o empresário chegou ao Aeroporto Internacional de Campo Grande por volta das 23h30. O filho então saiu de casa, no Jardim Bela Vista, para buscá-lo. No retorno, assim que abriu o portão da garagem, homens pararam um carro na frente e efetuaram os disparos.
O Corpo de Bombeiros chegou ao local e constatou a morte do empresário. Já o filho dele permanece internado na ala vermelha do hospital. Ele foi atingido no tórax, no lado esquerdo e está em estado grave. Na sexta-feira (16), o filho aguarda avaliação da equipe de cirurgia e permanecia com drenos.
Uma terceira pessoa chegou a ser atingida por estilhaços de vidro do carro, porém, não precisou de atendimento. O plantonista da Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Centro, Antônio Ribas Jr., comentou que câmeras de monitoramento ajudaram na identificação dos suspeitos e buscas estão sendo feitas na cidade. Até o momento, não houve prisões.
Também na sexta-feira a Polícia Civil encontrou um carro queimado escondido perto de uma mata, em estrada vicinal que dá acesso à rodovia MS-040 na Capital. A principal suspeita do delegado Rodrigo Campaum é que seja o Onix usado na execução do empresário Cláudio da Silva Simeão.
Segundo o delegado, moradores informaram à Polícia sobre um carro pegando fogo, próximo a entrada de uma estância. Porém, quando policiais chegaram ao local o fogo já havia destruído completamente o veículo. A perícia foi chamada e no local colheu informações que podem ajudar na investigação. “Trabalhamos com a hipótese que seja o Onix usado na execução do empresário. Mas, vamos aguardar os laudos periciais”, informou.
Força-tarefa
Os nomes dos integrantes da força-tarefa da Polícia Civil constam em uma portaria restrita, para preservar a identidade dos policiais por conta da periculosidade dos envolvidos no crime. Dois dos quatro assassinatos podem ter os mesmos executores, segundo o delegado-geral. “Pelo modus operandi, a forma de agir, há fortes indícios de que os executores de Ilson e Orlando sejam os mesmos. Isso, pelo tipo e local da abordagem, tipo de armamento utilizado e forma que abandonaram os carros”, explicou.
De acordo com Portaria 114 – essa sim pública, divulgada no Diário Oficial do Estado (DOE) edição nº 9.774 –, os homicídios qualificados foram praticados mediante pagamento ou recompensa e a ordem para a execução dos delitos teria, em tese, partido de organizações criminosas com atuação em âmbito nacional e na região da fronteira com Paraguai.
Apesar de ter mais de 1,5 mil quilômetros de fronteira, Mato Grosso do Sul é um dos estados mais seguros para se viver, segundo todos os levantamentos da área, e tem o maior índice de resolução de homicídios, de acordo com o Instituto Sou da Paz. Os números são resultado da ação conjunta das forças de segurança estaduais e dos investimentos de mais de R$ 120 milhões do Governo do Estado por meio do programa MS Mais Seguro.