Ex-prefeito de Naviraí investigado pela PF consegue boquinha na Prefeitura da Capital para a prima

Após ter conseguido um carguinho na Prefeitura de Campo Grande graças à amizade com o prefeito Marquito Trad, o ex-prefeito Naviraí, Leandro Peres de Matos, mais conhecido como “Léo Matos”, que é investigado pela Polícia Federal por desviar remédios da rede pública de saúde quando administrava a cidade do interior, conseguiu arrumar agora uma “boquinha” para a prima.

Trata-se de Cristina de Matos Oliveira, a “Tina Matos”, que foi nomeada no dia 25 de abril para o cargo de assessora-chefe, símbolo DCA-4, na Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais, que lhe rende salário de R$ 3 mil, fora os penduricalhos.

Para quem não sabe, Léo Matos não foi reeleito prefeito de Naviraí, aliás, teve apenas 23% dos votos, pois fez uma péssima administração. Porém, o amigo e prefeito Marquito Trad deu um cargo com alto salário na Prefeitura, onde, segundo denúncia enviada ao Blog do Nélio, está mamando nas tetas da administração municipal, como pode ser verificado no Facebook do cidadão, onde só aparece passeando e jogando futebol com o amigo prefeito.

Além disso, Léo Matos foi contemplado com reajuste de 50%, pois em março, conforme o Portal da Transparência, Matos teve vencimento de R$ 8.079,12 e, no mês de abril, o vencimento subiu para R$ 12.118,68, superior ao valor pago ao secretário municipal de Governo, Antônio Lacerda, que teve R$ 11,6 mil em abril.

Investigação

O ex-prefeito Léo Matos foi alvo da Operação Tarja Preta, da Polícia Federal, que encontrou provas do desvio de R$ 530 mil em medicamentos do SUS (Sistema Único de Saúde). De acordo com a CGU (Controladoria Geral da União), foi cumprido mandado de busca e apreensão em “uma residência de indivíduo suspeito de participação direta na organização criminosa” – o cidadão citado na nota era Matos, o assessor executivo de Marquito.

Em entrevista ao Campo Grande News, Léo Matos negou as denúncias e alegou ser alvo de perseguição da PF. Ele já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por improbidade administrativa envolvendo R$ 300 mil.

O MPE (Ministério Público Estadual) também tem várias ações por improbidade administrativa contra Matos. Em uma, ele é acusado de pagar R$ 40 mil ao cantor David Quinlan, que não fez o show porque choveu muito e ficou por isso mesmo. Não cobrou a devolução nem a realização do show em outro dia. Em uma ação penal, ele é acusado de ter pago R$ 150 mil pelo apoio do então vereador Marcus Douglas Miranda (PTN).

Compra de apoio

As irregularidades de Léo Matos não param por aí. O assessor especial da Prefeitura de Campo Grande também foi denunciado pelo MPE por se apropriar de recurso e bens públicos para garantir a participação de servidores municipais na Copa da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Gross do Sul) em 2015.

A denúncia por corrupção passiva e ativa contra Leo Matos no dia 1º de junho deste ano pelo juiz Eduardo Magrinelli Júnior, da Vara Criminal de Naviraí. Para o magistrado, “a denúncia possui justa causa, ou seja, ampara-se em substrato probatório razoável”.

Parte das provas foi recolhida na Operação Atenas, que contou com escutas ambientais autorizadas pela Justiça e levou a renovação de praticamente toda a Câmara Municipal.

De acordo com a denúncia, o ex-prefeito e Marcus Miranda eram aliados. No entanto, eles romperam. O vereador passou a usar a tribuna da Câmara Municipal para atacar Léo Matos, que usava as redes sociais para contra atacar.

O então presidente do legislativo municipal na época, Cícero dos Santos, intermediou um acordo, em que ficou acertado o pagamento de R$ 150 mil. Célio Cândido dos Santos ganhou, conforme a denúncia, R$ 500 para entregar o dinheiro.

Na defesa do processo, todos os envolvidos negaram ter participado de qualquer irregularidade. O ex-prefeito apontou que até exonerou a mulher do ex-vereador. Já a nova denúncia envolve a Copa da Assomasul, que teve a participação de uma equipe de servidores municipais de Naviraí, inclusive o então prefeito.

Para o promotor Daniel Pívaro Stadniky, houve o desvio de recursos para garantir a participação no torneio. O primeiro desvio foi de R$ 1,5 mil para a inscrição no campeonato. O segundo foi de R$ 817,40 para custear o almoço dos atletas.

Ele ainda apontou como irregular o uso do ônibus e do motorista do coletivo para levar os jogadores até Coxim. Além de pedir a condenação por apropriação de recurso e bem público, o promotor pede a devolução do dinheiro gasto na competição.