Um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) aponta aumento no consumo de álcool entre os brasileiros, com destaque para o público feminino, que passou de 7,7% para 15,2%. Em Campo Grande, os índices variaram ao longo dos últimos 17 anos, alcançando 22% em 2023, último ano com dados atualizados.
A pesquisa, publicada em julho deste ano na Revista Brasileira de Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, utilizou como base o Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizado desde 2006 nas capitais brasileiras.
O levantamento entrevistou pessoas acima de 18 anos e considerou o consumo de álcool nos últimos 30 dias, ou seja, episódios recentes de ingestão excessiva de bebidas alcoólicas. Para as mulheres, a referência foi o consumo de quatro ou mais doses em uma mesma ocasião; para os homens, cinco ou mais doses. Pelas capitais, no entanto, os dados são apresentados de forma agrupada, sem distinção por sexo.
Em 2006, o percentual de consumo de álcool entre os moradores era de 14,3% e, em 2023, fechou em 22%. Nesse intervalo, os números oscilaram: 17,5% em 2007, 16,4% em 2008 e 18,6% em 2009. Em 2010, o índice caiu para 16,9% e, em 2011, atingiu um dos pontos mais baixos, com 12,7%. A partir daí, voltou a crescer, registrando 18,4% em 2012 e 17,6% em 2013.
Nos anos seguintes, as variações se mantiveram próximas: 15,5% em 2014, 14,3% em 2015, subindo para 19,5% em 2016 e 19,4% em 2017. Em 2018, o percentual repetiu 19,5% e, em 2019, chegou a 19,9%. O maior patamar ocorreu em 2020, quando 24% dos adultos relataram episódios de consumo excessivo. Em 2021, houve recuo para 19,8% e, em 2023, o índice voltou a subir para 22%.
Em âmbito nacional, foi constatado aumento de 7,7% para 15,2% entre as mulheres brasileiras. O maior índice registrado ocorreu em 2020, quando o consumo chegou a 16%, passando para 12,7% em 2021. Entre os homens, o percentual variou pouco: de 25% em 2006 para 27,3% em 2023, com o maior índice registrado em 2009 (28,3%).
O estudo é definido como “transversal”, pois retrata apenas um recorte do momento e, por isso, não permite estabelecer relações de causa e efeito. Além disso, a pesquisa apresenta algumas limitações importantes. Como os dados são baseados em informações fornecidas pelos próprios entrevistados, podem ocorrer distorções, já que nem sempre as pessoas relatam com precisão seus hábitos de consumo.