O número de empresas com contas em atraso em Mato Grosso do Sul atingiu um novo patamar histórico. Dados do Indicador de Inadimplência das Empresas, da Serasa Experian, mostram que o Estado alcançou 115.831 CNPJs negativados em setembro, o maior volume já registrado desde o início da série.
O avanço representa 4.616 novos negócios inadimplentes em relação a agosto, que já havia sido recorde. Hoje, 31,17% das empresas ativas no Estado possuem dívidas vencidas. No total, são 917.472 dívidas negativadas, somando quase R$ 2 bilhões em compromissos atrasados — mesmo sendo o menor valor entre os estados do Centro-Oeste.
Apesar da alta expressiva, Mato Grosso do Sul ainda é o estado com menor número absoluto de empresas negativadas na região. No ranking do Centro-Oeste:
· Goiás: 265.076 empresas
· Distrito Federal: 190.160 empresas
· Mato Grosso: 158.208 empresas
· Mato Grosso do Sul: 115.831 empresas
O levantamento também aponta que, embora MS tenha o menor volume financeiro de dívidas (R$ 2,98 bilhões), o valor médio por empresa é o segundo maior da região, em R$ 25.795,72 — superado apenas pelo Distrito Federal.
A inadimplência corporativa disparou no Estado. Em 2016, eram 49.098 empresas negativadas. Agora, são 115.831 — um salto de 66.733 CNPJs em menos de uma década.
O aumento está diretamente ligado ao cenário de juros elevados, crédito restrito e queda no faturamento dos pequenos negócios.
Cenário nacional
Em todo o Brasil, setembro fechou com 8,4 milhões de empresas inadimplentes, o maior número da história.
Outros destaques do levantamento nacional:
· dívida média por empresa: R$ 24.074,50
· alta anual de 9,5% no valor médio das dívidas
· média de 7,2 contas em atraso por empresa
· ticket médio por compromisso vencido: R$ 3.331,30
· volume total de dívidas atrasadas: mais de R$ 200 bilhões
A economista Camila Abdelmalack explica que o encarecimento das negociações e a dificuldade de acesso ao crédito intensificam o problema.
“Com juros altos e um número recorde de inadimplentes, o ambiente fica mais restritivo. Isso encarece as negociações e dificulta que empresas saiam da inadimplência”, afirma.
A maioria das empresas com restrições está concentrada nos seguintes setores:
· Serviços: 54,7%
· Comércio: 33,2%
· Indústria: 8%
· Tecnologia e serviços financeiros: 3,1%
· Setor primário: 0,9%
O setor de serviços também lidera o volume de dívidas (32,1%), seguido por bancos e cartões (19,5%). As Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) representam a maior parte do problema: 7,9 milhões de CNPJs, com mais de 55,9 milhões de dívidas, totalizando R$ 174 bilhões.

