Eliane Benitez Batalha dos Santos, esposa do ex-guarda civil metropolitano Marcelo Rios e testemunha-chave para desvendar os crimes investigados na Operação Omertà, mudou de lado e, agora, vai se pronunciar em defesa de empresário campo-grandense Jamil Name Filho, o “Jamilzinho”, que vai enfrentar júri popular no próximo dia 17 de julho pela execução do universitário Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos, morto por engano no dia 9 de abril de 2019 no lugar do pai, o ex-capitão PM Roberto Teixeira Xavier, o “PX”.
Eliane dos Santos ganhou fama depois que o marido dela foi o pivô da ofensiva do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) ao ser flagrado com arsenal em imóvel da família Name.
Na denúncia feita pelo MPE (Ministério Público Estadual), ela chegou a ser listada como uma das testemunhas de acusação ao lado dos delegados e policiais civis do Garras. Com a mudança de versão, inclusive em outras audiências em juízo, ela se transformou em testemunha de defesa do empresário, acusado de ser um dos mandantes da execução.
No processo por homicídio doloso, consta documento de 21 de junho em que o oficial de Justiça informa que compareceu ao endereço do mandado, no Jardim Leblon, mas o morador contou que está na casa há oito anos e desconhecia Eliane dos Santos. Em novembro de 2022, ao indicar suas três testemunhas, a defesa de Jamilzinho informou que ela morava no Portal Caiobá.
As testemunhas de acusação falam no dia 17 de julho, incluindo PX, que será ouvido na condição de informante. No dia 18 de julho, no período da manhã, serão ouvidas as três testemunhas de Jamilzinho e, além de Eliane dos Santos, a lista tem o advogado Silvano Gomes Oliva e o psiquiatra Leonardo Fabrício Gomes Soares.
Na sequência, à tarde, serão ouvidas as testemunhas de defesa de Marcelo Rios e do policial civil Vladenilson Daniel Olmedo, o “Vlad”, que também vão a julgamento pela morte do filho de PX. A prisão de Marcelo Rios, em maio de 2019, levou a investigação até Eliane dos Santos.
A mulher contou que ele fazia segurança para o empresário Jamil Name, que foi preso e faleceu vítima de Covid-19, que o arsenal era do empresário e que o marido era contratado para matar. Ela ainda disse que Rios ficou bastante nervoso na semana da morte de Matheus, chegando a receber ameaças depois da execução por engano.
Mas, na fase de audiências do caso, em março de 2020, ela confirmou a mudança de versão, informando ao juiz que nunca soube que o marido era segurança dos empresários e que o nervoso de Rios era por conta do trabalho na Guarda.
O episódio em que ficou abrigada no Garras com os dois filhos também foi usado como munição contra a Omertà. Ela disse que comia “comida de presídio” e foi impedida de manter contato com os familiares.
Investigador do Garras disse que Eliane dos Santos foi procurada a pedido de Rios, que já estava preso e se preocupava com o destino da família. O objetivo era incluí-los em programa de proteção à testemunha, medida que não se concretizou após ela modificar sua versão. No ano de 2021, ela chegou a ser presa na “Operação Acalento”, acusada de armazenar vídeos de pornografia envolvendo crianças e adolescentes. Com infos O Jacaré.