A situação legal do doleiro brasileiro Dario Messer, que no próximo dia 3 de outubro vai completar cinco meses foragido das autoridades paraguaias e brasileiras, está piorando. Uma nova denúncia da equipe Lava Jato no Rio de Janeiro acusa o “irmão espiritual” do ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, de lavagem de dinheiro, evasão monetária e apropriação indébita de crimes contra o sistema financeiro.
Inicialmente, Dario Messer foi acusado pelo Brasil de liderar uma organização criminosa transnacional, evasão monetária e lavagem de dinheiro, com penas que poderiam chegar a 64 anos de prisão. Eles agora o acusaram de movimentar mais de US$ 1,6 bilhão entre 2011 e 2016, dinheiro ligado principalmente ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral.
Na nova acusação do Ministério Público Federal, eles estão detalhando as operações em que estiveram ativamente envolvidos e adicionaram crimes de apropriação indevida contra o sistema financeiro brasileiro. Eles pedem que Messer, além de ser preso, devolva por danos morais e materiais um valor de R$ 7,5 milhões.
Dinheiro no exterior
O Ministério Público do Brasil assegura que uma empresa chamada ADVALOR era usada como instituição financeira para armazenar recursos ilícitos de funcionários públicos, bem como fazer pagamentos que eram feitos a eles.
O MPF alega que tinha uma organização criminosa responsável por práticas de corrupção, fraudes em licitações, cartel e lavagem de dinheiro na execução de obras públicas pelo Governo do Rio de Janeiro que foram financiadas – total ou parcialmente – com recursos federais.
A nova acusação fiscal relaciona detalhadamente várias remessas de dinheiro para o exterior, números que foram remetidos para contas de bancos no exterior em nome de empresas offshore. O objetivo das operações era desviar dinheiro de crimes praticados pela organização criminosa de suas fontes ilícitas. Eles afirmam que com isso eles procuraram esconder ou disfarçar a origem, natureza, disposição e movimentação de dinheiro usando cambistas.
Os valores relatados pela promotoria estão detalhados em diferentes números enviados ilegalmente, de acordo com a acusação. As remessas foram feitas com dinheiro, “um dos meios mais utilizados por organizações criminosas atualmente para receber recursos resultantes da corrupção”. Nesse esquema, eles apontam para Dario Messer como o doleiro responsável por fazer mudanças cambiais.
A Promotoria alega que havia uma espécie de banco paralelo que Dario Messer mantinha em parceria com Cláudio Fernando Barboza de Souza e Vinicius Claret Vieira Barreto. Esse negócio, eles acusam, “foi mantido em parceria com Darío Messer e foi usado por dezenas de cambistas para compensar as operações entre o Brasil e o exterior”.
O Ministério Público brasileiro continua acusando a organização criminosa de ter usado mais de 3.000 offshores com contas em 52 países que movimentaram 1.652 milhões de dólares. A nova redação da equipe Lava Jato é assinada por 11 promotores brasileiros.
Dario Messer também aprontou no Paraguai. Ele abriu contas no Banco Nacional de Desenvolvimento (BNF) que informaram transações suspeitas (RTSs) que foram ignoradas pela Secretaria de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (Seprelad). A Messer trouxe ao Paraguai milhões de dólares de um offshore em Luxemburgo. Ele fez isso através de um banco israelense que se voltou para os Estados Unidos e de lá entrou no Paraguai através do BNF.
Uma empresa imobiliária REAL MATRIX SA e um negociante de gado CHAI SA eram usados para grandes negócios que seriam apenas lavagem de dinheiro. O sobrinho de Horacio Cartes, Juan Pablo Jiménez Viveros Cartes (fugitivo como Messer), converteu-se em um de seus parceiros.