Entregador viu BMW furar sinal vermelho em acidente que matou Letícia. E o bafômetro, nada!

Em depoimento à Polícia Civil, um pizzaiolo de 40 anos, que testemunhou o acidente que matou Letícia Machado Gonçalves, 19 anos, no último domingo (25), disse que o motorista da BMW X1, Lucca Assis Mandetta, 26 anos, avançou o sinal vermelho, atropelando a motociclista.

O entregador de pizza estava em uma motocicleta transitando pela Marechal Rondon no mesmo sentido que o veículo de luxo, quando viu o que aconteceu no cruzamento com a Rua 14 de Julho.

Ainda conforme relatou a testemunha-chave, pouco antes do acidente, no cruzamento anterior, o da Marechal Rondon com a Avenida Calógeras, ambos estavam parados no semáforo lado a lado.

O sinal abriu e os veículos partiram, mas ao se aproximarem da Rua 14 de Julho, o motociclista diz ter visto o semáforo fechado e a BMW seguindo. O depoente narra que chegou a se perguntar: “Será que ele não viu?”.

Naquele mesmo instante, a BMW bateu na motocicleta conduzida por Letícia Machado Gonçalves. O pizzaiolo conta que estacionou a moto e desceu para ajudar a pessoa acidentada. Quando se aproximou viu que a mulher estava imóvel e não conseguia perceber seus batimentos.

O condutor da BMW apareceu e o motociclista disse que chegou a questioná-lo sobre o fechamento do sinal e Lucca teria respondido que não viu. Nesse momento, o motorista que causou o acidente ficou muito nervoso, ajoelhou e passou a rezar, enquanto outras pessoas acionaram o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

O rapaz também repetia o desejo que a motociclista atingida ficasse bem, ainda segundo o relato dado pelo pizzaiolo em solo policial. De acordo com boletim de ocorrência, Lucca não apresentava sinais visíveis de embriaguez ou lesões em decorrência do acidente.

Ao ser convidado a fazer o teste do bafômetro, procedimento adotado quando ocorre acidente com morte, ele disse que faria, mas na sequência foi orientado pelo advogado para não fazer. O condutor prestou esclarecimento na delegacia no mesmo dia e foi liberado.

Lucca é filho de Hélio Mandetta Sobrinho, que foi secretário especial da Segov (Secretaria Estadual de Governo), durante a gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja, e primo de segundo grau de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro.

Imagens das câmeras do videomonitoramento do Centro ainda estão sendo coletadas e podem corroborar com a versão da testemunha. O caso é investigado pela 1ª DP (Delegacia de Polícia).

Os advogados de defesa de Lucca informaram por meio de nota que “em respeito ao momento enfrentado por todos os envolvidos, a defesa se manifestará somente perante as autoridades competentes”.

“Destacamos que em uma fatalidade como esta, todo cuidado é imprescindível a fim de se evitar um pré-julgamento. Mais uma vez, reiteramos nosso compromisso com a verdade, aguardaremos a conclusão do inquérito para nova manifestação”, completa o texto assinado por Wender Thiago dos Santos Braz, Vinicius Felipe de Oliveira Fernandes e Elias Corrêa Nunes Junior.

Família

A família de Letícia Machado Gonçalves ainda não recebeu qualquer sinalização de ajuda ou amparo por parte da família Mandetta. A informação foi compartilhada pelo advogado Francisco Albino para a reportagem. Ele é quem representa a família da vítima no caso que está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.

O advogado ainda cita que tenta as imagens de câmera de segurança de estabelecimentos comerciais que podem ter captado o exato momento da batida, que culminou na morte da jovem que seguia para o trabalho, no início da noite de domingo (25), na região central da cidade.