Dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) revelam que, nos últimos 10 anos, o trânsito de Campo Grande ganhou aproximadamente 45 mil motocicletas.
Ao todo, são 165.459 motocicletas, conforme o Denatran, que representam 24% do total de 686,6 mil veículos da cidade.
As motocicletas ainda são um modal invisível para as políticas públicas de trânsito e também não são alcançadas pela fiscalização, o que agrava a marginalização do modal.
O problema, que interfere diretamente na mobilidade urbana, sobretudo no período pós-pandemia, por causa do aumento do número de motocicletas e de uma resistência do cidadão ao sistema de transporte coletivo, tem sido um entrave para o trânsito da Capital, que não deveria experimentar dificuldades.
O arquiteto, urbanista e professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Ângelo Arruda acredita que a melhor forma de resolver a questão da mobilidade urbana na capital sul-mato-grossense é inserir as motocicletas nas políticas públicas.
Segundo Arruda, atualmente, quando se fala de trânsito em Campo Grande, há planejamento das vias e das rotas visando motoristas, pedestres e ciclistas (pelo menos, já houve planejamento de ciclovias), mas não há planos traçados exclusivamente para motociclistas, pois as motos acabam entrando no combo dos automóveis.
Por falar em marginalidade, o engenheiro e especialista em Mobilidade Fernando Madeira trouxe uma informação interessante. Em um dos grandes condomínios fechados da cidade, em que sua empresa prestou consultoria, na entrada de prestadores de serviço foi percebido que muitos motociclistas não tinham habilitação.
A gestora de trânsito Andrea Luiza Torres de Figueiredo da Silva, que pertence ao quadro da Agetran desde 2005, admite que em Campo Grande há muitas motos e que esse aumento ocorreu após a pandemia. Ela também indica que houve uma grande perda de usuários no transporte coletivo.