DRACCO apreende 28 fuzis da Federal Armas de Dourados que seriam vendidos a criminosos

Uma operação do DRACCO (Departamento de Repressão a Corrupção e ao Crime Organizado) apreendeu, ontem (25), 28 fuzis, duas pistolas, uma submetralhadora, duas espingardas e diversos carregadores na empresa Federal Armas, localizada em Dourados (MS), que seriam vendidos para grupos criminosos.

 

Após o DRACCO cumprir mandado de busca e apreensão no estabelecimento comercial, foi constatado que um dos fuzis vendidos na loja foi negociado com um criminoso que contava com mandado de prisão em aberto com condenação a cumprir de 24 anos pelo crime de tráfico de drogas nacional e internacional.

 

De acordo com a Polícia Civil, as armas eram importadas legalmente pela empresa Federal Armas, mas comercializadas sem adotar os preceitos da lei, sendo que um caminhão-furgão foi usado para carregar as armas e munições de uso restrito apreendidas na loja.

 

Além disso, a equipe policial verificou que diversos fuzis vendidos no período foram negociados por valores extremamente baixos, indicando ainda sonegação fiscal. O DRACCO informou que a situação se torna ainda mais sensível por se tratar de região de fronteira, que conta com a forte influência de facções criminosas nacionais e internacionais.

 

A operação contou com 50 policiais civis do DRACCO, do GOI (Grupo de Operações de Investigações) e de delegacias dos municípios de Dourados e Ivinhema. Além disso, o trabalho teve apoio da Polícia Federal, da Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda) e do Exército Brasileiro.

 

Localizada na Avenida Hayel Bon Faker, na região sul de Dourados, a loja pertence a Claudinei Tolentino Marques, que também atua no setor de engenharia e construção civil. Outros endereços ligados ao empresário, como suas mansões no condomínio de luxo Porto Madero e no residencial Maison Blanche, na área central de Dourados, também foram vasculhados.

 

Nas redes sociais de Claudinei Tolentino, foi publicada uma nota informando que o empresário esteve como sócio da empresa Federal Armas até o início deste ano e que, em sua residência, foi apreendido um fuzil devidamente documentado adquirido em agosto de 2022.

 

“Esclarece, também, que é empresário no ramo da construção civil e que nunca teve ou praticou enquanto esteve à frente da empresa Federal Armas, qualquer irregularidade, eis que tal atividade é totalmente controlada e fiscalizada”, informou por meio da nota.

 

O texto afirma também que o empresário se colocou à disposição das autoridades competentes para prestar esclarecimentos e que a busca e apreensão em sua residência não se justifica. “Lamento que o nome pessoal tenha sido vazado para a imprensa, não obstante o segredo de justiça do processo. Por fim, tem a consignar que não houve qualquer medida judicial em relação às empresas das quais Claudinei íntegra, eis somente houve diligência na empresa Federal Armas, a qual não faz parte mais do grupo empresarial e, atualmente, não pratica qualquer ato de gerenciamento, administração da mencionada empresa”, finalizou a nota.

 

De acordo com a delegada-chefe do DRACCO, Ana Cláudia Medina, a venda de fuzil é proibida desde setembro de 2022, devido às recentes alterações do cenário normativo referente à negociação de armas de fogo. Ela completou que se constatou que a loja alvo da operação policial manteve a comercialização das armas de calibre restrito após esse período, inclusive, efetivadas com diversas irregularidades que indicaram até a facilitação do acesso das armas de alto poderio de fogo por criminosos.

 

Conforme o DRACCO, o objetivo das buscas foi apreender armas de fogo de uso restrito, documentos e celulares. Durante ações de combate à corrupção e ao crime organizado no âmbito da Operação Hórus (operação permanente coordenada pelo Ministério da Justiça e que integra todas as forças policiais), o departamento constatou suposta prática criminosa envolvendo a empresa Federal Armas.