“Dor na alma”! Paraguai mantém fronteira fechada e condena várias cidades ao colapso financeiro

Ante aos protestos pela reabertura das fronteiras nas cidades de Pedro Juan Caballero (Ponta Porã), Salto del Guairá (Mundo Novo), Bella Vista Norte (Bela Vista) e Capitán Bado (Coronel Sapucaia), o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, afirmou que ainda não existem condições para dar luz verde ao pedido em decorrência do descontrole na disseminação da Covid-19 do lado brasileiro.

“Existem muitos requisitos por parte dos habitantes das cidades fronteiriças, principalmente as áreas com o Brasil, que estão recebendo talvez o maior impacto em termos econômicos porque vivem da compra do turismo, do mercado brasileiro e sei que eles estão tendo dificuldades e estão se mobilizando para a reabertura das fronteiras e eu os entendo”, afirmou Mario Abdo.

As declarações do chefe de Estado surgiram durante visita dele ao Departamento de Concepción, onde ele entregou moradias para os cidadãos paraguaios na região. Ele explicou que 80% dos casos com resultado positivo para o novo coronavírus são encontrados em abrigos estabelecidos pelo Poder Executivo para combater a doença.

“Peço sua compreensão e até mesmo desculpas, mas não poderemos abrir as fronteiras até que a propagação do vírus seja controlada nos países vizinhos que estão com dificuldades nesse sentido. A população precisa entender que todo o esforço que está sendo feito agora pode ser perdido se permitirmos a abertura da fronteira com o Brasil. Hoje, 80% ou mais que deram positivo para a Covid-19 no Paraguai estão em abrigos, o que significa que eles vieram de outros países”, afirmou o presidente do Paraguai.

Por outro lado, o presidente pediu aos cidadãos, principalmente os que estão envolvidos no comércio, que realizassem os protestos, mas sob o protocolo sanitário, a fim de evitar maiores riscos. “Peço que realizem manifestações pacíficas e ordeiras, respeitem os protocolos de saúde. Respeitamos as manifestações, somos democratas e entendemos vocês, mas sobre nossos ombros cai uma grande responsabilidade e escolhemos, desde o início, cuidar da vida de nossos compatriotas”, expressou.

Ele afirmou que pediu ao ministro das Finanças, Benigno López, que reforçasse os subsídios por meio do programa Pytyvõ, levando em consideração o conflito econômico que afeta várias cidades. “Eu disse ao ministro das Finanças para fortalecer o programa Pytyvõ, principalmente para distritos fronteiriços como Canindeyú, Alto Paraná, Cidade do Este, Salto del Guairá, a área de Amambay, Pedro Juan Caballero, Capitán Bado, Bella Vista”, comunicou.

Enquanto isso, as cidades paraguaias de Pedro Juan Caballero e Salto del Guairá sofrem consequências do fechamento da fronteira com o Brasil. O boom econômico das duas últimas décadas criou uma expansão comercial dessas duas cidades na fronteira entre Brasil e Paraguai a ponto de transformar cenários urbanos bucólicos em movimentados centros de turismo de compra e vendas no país vizinho.

Agora, com o fechamento da fronteira, essas cidades estão com o avanço econômico em xeque. As associações comerciais dessas duas cidades, compostas por micro, pequenas e médias empresas, estão preparando um projeto para declarar uma “catástrofe econômica” caso o cenário atual de fechamento de fronteira não mude em um curto prazo. Os comerciantes reclamam da queda brusca das vendas e também da falta de ajuda governamental para encarar o problema.

Com 80% da economia local dependendo do comércio típico de fronteira, sendo o fluxo de brasileiros no lado paraguaio é o principal gerador de renda, os relatos são de situação insustentável e até migração de famílias para outros locais em busca de sustento. Os empresários denunciam que o fundo de garantia do Paraguai é uma grande mentira para o povo e as dívidas que contraímos estão nos encolhendo.

Além dos comércios, os bancos das cidades também estão sofrendo as consequências do fechamento das fronteiras e reuniões online são realizadas rotineiramente com autoridades, mas sem resultado. Não são apenas as lojas quase todas fechadas, mas, conforme os empresários, as agências bancárias também vão fechar.

Vai vendo!!!