O Boletim Agro Serasa Experian, divulgado ontem (29), revelou que dobrou o percentual de produtores rurais de Mato Grosso do Sul com pedidos de recuperação judicial no segundo trimestre deste ano.
Embora o Estado não figure no top 5 do ranking nacional, o número de solicitações subiu de 25 nos primeiros três meses de 2025 para 52 no segundo trimestre, um avanço de 108%, de acordo com os dados sobre Mato Grosso do Sul. Em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 36 pedidos, o crescimento foi de 44,4%.
Os números nacionais foram puxados por Goiás (94 pedidos) e Mato Grosso (73), que lideraram o ranking. Em seguida aparecem Rio Grande do Sul (66), Minas Gerais (63) e Paraná (63). Ou seja, Mato Grosso do Sul está entre os campeões de pedidos judiciais no campo.
Na prática, os dados refletem o aumento de empresas incapazes de manter as operações e que recorrem ao Judiciário para reorganizar dívidas e tentar evitar a falência. O cenário pode impactar também o mercado de crédito.
Reflexo da inadimplência no campo, o lucro do Banco do Brasil, principal agente de fomento do agronegócio, caiu 60% no segundo trimestre. O banco registrou R$ 12,73 bilhões em atraso acima de 90 dias, sendo 52% das dívidas provenientes de produtores do Sul e do Centro-Oeste.
No recorte de Mato Grosso do Sul, dos 52 pedidos entre abril e junho, 25 foram protocolados por produtores rurais, pessoas jurídicas, quase o triplo dos 9 pedidos do primeiro trimestre. No mesmo período de 2024, foram 12 registros.
Já as solicitações feitas por produtores pessoa física chegaram a 20 pedidos, frente a 12 no trimestre anterior, mas abaixo dos 23 observados no segundo trimestre de 2024. Outras 7 solicitações partiram de empresas ligadas à cadeia do agronegócio, contra 4 no primeiro trimestre deste ano.
Os produtores sul-mato-grossenses iniciaram 2025 no vermelho, acumulando dívidas de R$ 1,235 bilhão herdadas do último trimestre de 2024, cenário que tem se refletido no campo no decorrer do primeiro semestre deste ano.