Enfrentando grave crise financeira e uma dívida que se aproxima de R$ 20 milhões, o Hospital Geral El Kadri, fundado em 2004, ingressou na Justiça para tentar impedir que a situação evolua para a falência. A direção pede a suspensão imediata de bloqueios bancários determinados em decisões judiciais e a liberação de valores retidos por operadoras de planos de saúde.
A medida cautelar foi protocolada na semana passada na Vara de Falências, com pedido de urgência, mas ainda não foi analisada. O objetivo é garantir uma trégua mínima de 60 dias nas cobranças, considerada essencial para que a instituição consiga reorganizar seu fluxo de caixa.
Enquanto isso, negociações com ao menos 29 credores estão em andamento. A gestão também conseguiu agendar uma audiência de conciliação para tentar avançar no acordo. A estratégia faz parte de um esforço para antecipar etapas da recuperação extrajudicial que está sendo estruturada.
Sob novo comando, o hospital passa por um processo de reestruturação. O fundador, Mafuci Kadri, afirmou estar afastado da administração e não comentou o momento atual, mas disse que a nova direção trabalha para recuperar a unidade.
Nos autos, os advogados relatam que o El Kadri viveu sua pior fase entre 2023 e 2024, quando passou a faturar menos da metade do necessário para cobrir os custos operacionais. A crise só não se aprofundou porque a família Kadri vendeu imóveis e usou recursos próprios para estabilizar temporariamente as contas.
Com a contratação recente de gestores hospitalares e especialistas em reestruturação empresarial, a expectativa é que o hospital volte ao equilíbrio financeiro até o fim de 2026, incluindo o pagamento de despesas correntes e do passivo acumulado.
A petição também ressalta a relevância social do hospital e alerta para o risco de um “colapso irreversível” caso haja vencimento antecipado das dívidas ou impossibilidade de pagar parcelas de acordos tributários com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A instituição já renegociou débitos federais com o Tesouro.
O plano de recuperação extrajudicial apresentado conta com a adesão de pelo menos 29 credores, que representam mais da metade dos créditos sujeitos ao processo. Segundo a defesa, uma decisão rápida do Judiciário é decisiva para que o projeto de reorganização possa avançar.
