Deputados federais e estaduais novatos de MS aprenderam rápido a gastar dinheiro público

Parlamentares novatos de Mato Grosso do Sul, os deputados estaduais Rafael Tavares (PRTB), Pedrossian Neto (PSD), Lia Nogueira (PSDB) e João César Mattogrosso (PSDB) e os deputados federais Camila Jara (PT), Rodolfo Nogueira (PL) e Marcos Pollon (PL), que assumiram os respectivos cargos pela primeira vez em fevereiro de 2023, se saíram bem no primeiro ano de mandato no que diz respeito a “torrar” o dinheiro público.

Segundo levantamento feito pelo site MS em Brasília, os sete usaram e abusaram dos recursos da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), mantidos pela Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa do Estado. Coincidentemente, os novatos que mais gastaram no primeiro ano de mandato são críticos ácidos quando se opõem a alguma medida ou projeto.

Com fortes discursos sobre ética, moralidade e responsabilidade das ações públicas, Camila Jara e Rafael Tavares “rasparam” a cota destinada a eles entre fevereiro e dezembro do ano passado. Rafael Tavares gastou R$ 505.935,92 dos cerca de R$ 506 mil disponíveis, sendo que somente em consultorias foram R$ 391 mil.

Ele foi o que mais gastou recursos públicos em 2023, proporcionalmente, entre os 35 parlamentares de Mato Grosso do Sul, considerando que, embora os políticos reeleitos puderam utilizar a cota de janeiro a dezembro, o estreante teve apenas 11 meses.

Já a petista Camila Jara, que teve ascensão política extraordinária de vereadora em Campo Grande para deputada federal em Brasília, é a segunda com as maiores despesas pagas pelo contribuinte. Foram R$ 495.063,83 torrados em 11 meses, valor que pode aumentar quando a prestação de contas de dezembro for finalizada.

Desse montante, ela utilizou pelo menos R$ 300 mil em consultoria e divulgação da atividade parlamentar, pagando R$ 114 mil a Everson Viana Tavares Studio Fotográfico, entre fevereiro e julho, mas incluiu os pagamentos mensais de R$ 19 mil no item “manutenção de escritório de apoio à atividade parlamentar”, o que é um equívoco.

Por sua vez, o deputado estadual Pedrossian Neto (PSD), ex-secretário de Finanças e Planejamento de Campo Grande por cinco anos, nas gestões do então prefeito Marquinhos Trad (PSD), tem o terceiro maior gasto. Ele utilizou R$ 482.854,92, dos quais R$ 282 mil em consultoria e divulgação da atividade parlamentar.

O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL), o “Gordinho do Bolsonaro”, também entendeu os caminhos para gastar dinheiro público. Em 2023, utilizou R$ 473.105,30, a maior parte em consultoria e divulgação, despesas comuns nas prestações de contas dos parlamentares, sejam eles federais ou estaduais.

O deputado estadual João César Mattogrosso (PSDB) gastou R$ 470.485,90, despesas semelhantes às da colega de Casa e do partido Lia Nogueira, cujos gastos entre fevereiro e dezembro somaram R$ 465.671,53.

Outro que aprendeu rapidamente a gastar recursos da CEAP é o deputado federal Marcos Pollon (PL). Foram R$ 387.330,90 entre fevereiro e dezembro, cujo mês ainda não está totalmente fechado em relação a esse parlamentar.

A deputada estadual Gleice Jane Barbosa (PT) é a que menos gastou recursos da CEAP entre os sete novatos: R$ 359.411,68. A petista, contudo, assumiu o mandato em abril de 2023 em razão da morte do deputado Amarildo Cruz. Gleice teve “apenas” nove meses de recursos públicos para gastar, média de R$ 40 mil.