A casa está caindo para o lado do deputado federal Geraldo Resende (PSDB/MS). Uma reportagem exclusiva da revista Época aponta que o “nobre” parlamentar da região da Grande Dourados está na planilha de distribuição de R$ 30 milhões pagos pela JBS para o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB/RJ) “comprar” colegas na Câmara Federal em troca de apoio para continuar na Presidência da Casa de Leis.
Segundo a reportagem da revista Época, a nova leva de documentos da JBS entregues à Justiça joga luz em um episódio que será capital na delação do ex-deputado federal Eduardo Cunha: a compra indiscriminada de deputados, sobretudo do chamado “centrão”, para garantir a vitória do peemedebista na eleição a presidente da Câmara, em 2015.
Entre esses deputados federais do “centrão”, de acordo com a revista, está o nome de Geraldo Resende, que teria recebido “recursos” para a eleição de 2014. Cunha, conforme já revelou a Época, atuou como tesoureiro informal do PMDB em 2014. Cobrava de empresas – como a JBS – e se certificava de que os deputados fiéis fossem devidamente contemplados. Batia contas com o então vice-presidente, Michel Temer, segundo já admitiu seguidas vezes a interlocutores, todas as semanas.
Aquele período eleitoral, entretanto, era duplo para Cunha. Ele tentava se reeleger deputado e, ao mesmo tempo, presidente da Câmara. Precisava abastecer a campanha de seus aliados – e, se necessário, sabotar a campanha daqueles que não se vergavam a ele, financiando os adversários de seus adversários.
Como se descobriu na delação da JBS, Joesley Batista embarcou no projeto de poder de Cunha. Topou repassar R$ 30 milhões ao deputado. De acordo com planilhas e relatos obtidos pela revista, Cunha centralizou o reparte do dinheiro – e só ele, portanto, poderá revelar a quem entregou os recursos, boa parte em dinheiro vivo.
Além de R$ 4 milhões à bancada mineira do PMDB, Cunha determinou o pagamento de R$ 1 milhão, em cash, ao deputado e ex-ministro Marcelo Castro. Gastou outros R$ 10,9 milhões direcionando a verba da JBS para empresas que lavavam seu dinheiro e de seus aliados. Desse total, R$ 7,8 milhões foram depositados em escritórios de advocacia.
Outros R$ 11,9 milhões foram recolhidos por Cunha, em dinheiro, por meio do assessor em quem mais confia, Altair Alves Pinto. Sempre no Rio de Janeiro. Houve também doações oficiais ao PMDB. Além de pagamentos de contas controladas por Joesley, na Suíça, a contas controladas por Lúcio Funaro, o doleiro conhecido como Mameluco.