A Polícia Civil só deu início à investigação da morte de Hudson Ferreira 10 dias depois do ocorrido e isso porque a reportagem repercutiu nacionalmente.
Sobre a demora para dar início à investigação, a delegada de Polícia Civil Priscilla Anuda, da 3ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, explicou que inicialmente o boletim de ocorrência foi registrado como lesão corporal e apenas após a morte da vítima na Santa Casa, no dia 24 de março, foi alterado para “homicídio na direção de veículo automotor”.
Ela ainda completou que nesse meio tempo ainda teve o feriado de Páscoa e, por isso, a procura pelo autor só teve início no dia 2 de abril. “O fato inicial foi registrado no dia 22 de março, como lesão corporal culposa no trânsito. Em razão de ter sido registrado inicialmente por lesão corporal culposa que houve um delay (atraso) de tempo para o encaminhamento para a delegacia”, declarou.
A delegada ainda disse que o boletim de ocorrência do dia 22 de março veio encaminhado, teve feriado de Páscoa, e a complementação do dia 24, que foi no domingo, também veio encaminhada, mas chegou um pouco após. Ela acrescentou que, assim que o boletim chegou à 3ª Delegacia de Polícia Civil, foi cumprido o regulamento das atividades policiais, cumprindo todos os prazos previstos.
“A partir do momento do registro do boletim de ocorrência, a delegacia tem cinco dias para instaurar o inquérito policial. Então, o homicídio culposo no trânsito registrado no dia 24 de março, contando os dias úteis, nós instauramos dentro do prazo de cinco dias, no dia 2 [de abril]. No dia 4, o caso está completamente esclarecido e o autor principal indiciado”, acrescentou.
Dono de um bar na região central de Campo Grande, Arthur Navarro afirmou que estava indo para a casa após o expediente, quando aconteceu o acidente. À Polícia, ele relatou que estava “apressado” porque a esposa gestante estaria passando mal. A investigação apura o excesso de velocidade.
Ainda em depoimento, ele relatou que não percebeu que tinha “encostado” na motocicleta e que, no dia seguinte, um funcionário – que estava no banco do passageiro no momento do acidente – o avisou que achava que ele tinha cometido um acidente, já que quando voltou para o estabelecimento viu o motociclista caído no chão.
“Ele foi olhar o carro dele, viu uma pequena avaria, e diante da pequena avaria achou que não tivesse causado nada grave”, disse a delegada Priscilla Anuda.
Questionado sobre o tempo que levou para se apresentar à Polícia, o empresário afirmou que estava “assustado” e “sem saber o que fazer”. Por isso, completou, preferiu procurar pela instrução de um advogado antes.
Apesar da demora em iniciar a investigação, a delegada garantiu que todas as imagens de segurança foram coletadas.
“Inclusive [imagem] cronológica da atitude dele, do fato. Ele atropelou, seguiu, depois foi para casa, que é nas imediações. Ele entrou, ele estava acompanhado de uma pessoa, [que estava] no banco do carona, essa pessoa saiu do veículo antes dele entrar na garagem, essa pessoa retornou para o local em que os dois estavam anteriormente”, listou.
Os dois veículos envolvidos no acidente serão periciados. A investigação ainda estuda a hipótese de que Arthur estivesse sob efeito de bebida alcoólica no momento do acidente, já que ele havia acabado de sair de um bar.
Ele foi indiciado por homicídio culposo majorado e pela evasão do local. Caso seja comprovado que ele estava acima da velocidade, vai ser indiciado também por excesso de velocidade.
Além de Arthur Navarro, outras duas pessoas podem ser indiciadas: um funcionário, que estava o acompanhando dentro do carro, e um familiar, que teria escondido o veículo durante esses últimos dias.
“Nós vamos analisar a possibilidade também dessa pessoa [acompanhante] ser indiciada pelo crime de omissão de socorro, porque nesse momento ele poderia ter retornado no local e ter auxiliado e prestado socorro à vítima. Posteriormente, esse veículo foi tirado dessa garagem e foi levado pra outro local. Essa pessoa, que é um familiar, e que prestou auxílio para esconder esse veículo ou para guardar esse veículo – a gente ainda vai verificar a circunstância – também poderá ser responsabilizada por um favorecimento a esse autor”, pontuou a delegada.
Como se apresentou à polícia somente 14 dias depois do acidente, Arthur Navarro responderá em liberdade. Em nota, o advogado de defesa afirmou que Arthur Torres Rodrigues Navarro foi surpreendido com a “conversão proibida que interrompeu sua trajetória”, mas que estava convicto de que teria conseguido evitar o acidente. No entanto, que assim que ficou sabendo da fatalidade, Arthur se apresentou à polícia.
Na noite do dia 22 de março, o motoentregador Hudson Oliveira Ferreira foi atropelado por um veículo Porsche Cayenne cinza na Rua Antônio Maria Coelho, e o condutor fugiu do local sem prestar socorro.
De acordo com o boletim de ocorrência, ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros em estado grave, com fratura exposta na tíbia e fíbula, além de hemorragia, e encaminhado à Santa Casa de Campo Grande.
Hudson Ferreira não resistiu aos ferimentos e veio a óbito no dia 24 de março, dois dias após o acidente. O caso, inicialmente registrado como “praticar lesão corporal na direção de veículo automotor”, foi alterado para “praticar homicídio na direção de veículo automotor”.
O enterro da vítima foi no dia 25 de março, no Cemitério Memorial Park, no Bairro Universitário, com a presença de familiares, amigos e colegas motoentregadores. Com infos Correio do Estado
Vai vendo!!!