Os dentistas da Prefeitura de Campo Grande decidiram, por unanimidade, suspender os atendimentos em 44 postos de saúde da Capital por um período de 30 dias, com início nesta quarta-feira (17).
A paralisação é uma resposta ao descumprimento, por parte da Prefeitura, das decisões judiciais relacionadas ao reposicionamento do Plano de Cargos e Carreiras, além de reivindicações sobre as precárias condições de trabalho nas unidades de saúde.
Os profissionais alegam que a gestão municipal não cumpriu o prazo estabelecido pela Justiça para efetivar o reposicionamento salarial, uma decisão já confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde maio, os dentistas buscam ajustes salariais que variam entre 15% e 68%.
David Chadid, presidente do Sindicato dos Odontologistas de Mato Grosso do Sul (Sioms), destacou as várias tentativas de negociação com a Prefeitura. “As propostas apresentadas não atendem aos interesses da categoria, que exige não apenas o cumprimento das decisões judiciais, mas também melhores condições de trabalho para atender a população”, afirmou.
Recentemente, sindicalistas e membros do Comitê de Saúde da Capital se reuniram para discutir os ajustes previstos por lei, mas a administração municipal não apresentou propostas que fossem aceitas pelos representantes dos dentistas.
Apesar da suspensão em grande parte dos postos, 71 dos 168 profissionais continuarão trabalhando, garantindo que os atendimentos ambulatoriais eletivos sejam mantidos. Chadid explicou que, legalmente, seria necessário manter 30% do atendimento, mas a categoria optou por 50% para não deixar a população desassistida, considerando a falta de insumos e equipamentos.
Ele também garantiu que todos os casos de urgência e emergência serão atendidos. “Estamos cumprindo rigorosamente o que a lei determina e remanejando os demais atendimentos”, disse. Chadid pediu a compreensão da população, ressaltando a falta de recursos básicos, como compressores, que têm sido denunciados há tempos.
O descumprimento da liminar que garante a progressão vertical da carreira foi o fator que desencadeou a paralisação. Segundo o sindicato, os dentistas estão há três anos sem atualização salarial e enfrentam a não regulamentação do auxílio-alimentação.
Entre as reivindicações, os profissionais solicitam a implementação de um auxílio-alimentação de R$ 800 a partir de abril de 2026 e a reposição de 15% sobre os pagamentos de plantões a partir de setembro do próximo ano, ambos em duas parcelas. Além disso, a categoria pede melhores condições de trabalho, já que cerca de 100 dentistas relataram problemas como compressores quebrados e falta de insumos básicos, o que afeta diretamente a qualidade do atendimento.
As seguintes unidades de saúde continuarão atendendo:
Distrito Anhanduizinho: 9 unidades, 20 profissionais
Distrito Bandeira: 5 unidades, 13 profissionais
Distrito Centro: 1 unidade, 1 profissional
Distrito Segredo: 4 unidades, 9 profissionais
Distrito Lagoa: 6 unidades, 14 profissionais
Distrito Imbirussu: 3 unidades, 9 profissionais
Distrito Prosa: 2 unidades, 6 profissionais
Unidade com paralisação parcial: USF Aero Itália, 1 profissional
Nas 44 unidades onde os atendimentos foram suspensos, contratados e residentes continuarão a trabalhar.
