Após os erros e falhas no caso do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte pelo ex-noivo e na agressão à jornalista Nathália Barros Corrêa, sobrinha do deputado estadual Paulo Corrêa pelo ex-companheiro dela, Philipe Calazans, finalmente a DGPC (Delegacia Geral de Polícia Civil) deu início, nesta quinta-feira (27), às mudanças no quadro de pessoal da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), instalada na Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande (MS).
De acordo com publicações no DOE (Diário Oficial do Estado), a titular da Deam, delegada de Polícia Civil Elaine Cristina Ishiki Benicasa, deixa o cargo, a pedido, tendo sido removida para a DGPC. Por sua vez, a delegada de Polícia Civil Riccelly Maria Albuquerque Donha também deixa a Deam e será transferida, “ex-officio”, no interesse da administração, para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário de Campo Grande).
Já a delegada Lucélia Constantino de Oliveira, a pedido, deixará a Deam e também passará a integrar os quadros da Depac. Na mesma edição do Diário Oficial, o delegado-geral de Polícia Civil Lupersio de Gerone Lúcio removeu para a Deam as delegadas Cynthia Karoline Bezerra Gomes Tapias e Laís Mendonça Alves, que trabalhavam na Depac.
O atendimento às duas jornalistas vítimas de violência, uma delas assassinada, expôs falhas na delegacia. Poucas horas antes de ser assassinada pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, a jornalista Vanessa Ricarte chegou a reclamar do atendimento recebido na Deam. Ela gravou um áudio no qual comentou sobre o atendimento recebido na unidade. “Fui falar com a delegada, fui tentar explicar toda a situação, ela me tratou bem prolixa, bem fria, seca. Toda hora me cortava”, disse.
Na gravação, Vanessa diz ainda que chegou a pedir o histórico do ex-noivo à delegada, pois havia descoberto que ele já tinha outras denúncias e queria entender a natureza das agressões anteriores. Contudo, a policial disse que não seria possível passar os dados, que seriam sigilosos. Caio Nascimento está envolvido em 14 processos de violência doméstica contra mulher, conforme dados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Horas depois, ao chegar em casa para pegar algumas roupas e outros pertences, Vanessa foi morta a facadas pelo músico. Outro caso foi o da jornalista Nathália Barros, agredida com um soco pelo ex-companheiro Philipe Calazans. O tio dela, o deputado Paulo Corrêa, na tribuna da Assembleia Legislativa denunciou erro no atendimento prestado na Deam.
Segundo ele, a delegada responsável pelo caso acabou identificando erroneamente o irmão da vítima como o agressor e acabou indiciando-o pelo crime de lesão corporal dolosa. Com informações do site VoxMS